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Tragédia de Mariana: começa tentativa de conciliação com indígenas do ES

Encontro serve de preparação para audiência marcada para maio, na qual serão decididas medidas de reparação a 12 povos originários em território capixaba

Foto: Divulgação MPF

Reunião aconteceu com representantes de povos indígenas do Espírito Santo, tendo a participação do Ministério Público Federal (MPF)

Começou a primeira etapa de conciliação entre a empresa Samarco e as comunidades indígenas do Espírito Santo afetadas pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG), em 2015. Foi realizada uma reunião, tendo a participação do Ministério Público Federal (MPF), na última quinta (2), em Aracruz, na região Norte do Estado. 

O encontro serve de preparação para a audiência de conciliação a ser realizada pela Justiça Federal em data a ser definida no mês de maio, em Belo Horizonte (MG). 

O objetivo será buscar um consenso entre os representantes de 12 povos originários e a Fundação Renova, responsável pelas medidas de reparação e compensação e pelo pagamento de indenizações às comunidades em função da tragédia de Mariana.

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O primeiro ponto discutido no encontro foi a aprovação dos Planos Básicos Ambientais Indígenas (PBAIs) – nos quais devem constar as medidas de compensação e recuperação de interesse coletivo das comunidades. Esses planos precisam ser desenvolvidos por cada uma das aldeias afetadas, levando-se em conta o interesse e a autonomia das decisões dos grupos.

A discussão sobre a complementação das indenizações, que vêm sendo pagas desde 2016, foi o segundo item da pauta.

Embora núcleos familiares já tenham sido contemplados, há relatos de pessoas sem acesso a qualquer tipo de auxílio. Dessa forma, os indígenas reforçaram a necessidade de se realizar um novo diagnóstico com o objetivo de beneficiar a totalidade das famílias. Por fim, o último tema foi o do serviço de auditoria já contratado para avaliar todos os pagamentos das indenizações já efetuados.

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Na avaliação do procurador da República, Jorge Munhos, que representou o MPF na reunião e participou de visitas às aldeias Nova Esperança, Três Palmeiras e Peraqueaçu, é fundamental o envolvimento da instituição nas tratativas que antecedem a audiência de conciliação, pois os resultados dela decorrentes afetam direitos coletivos das comunidades indígenas, além do que o impacto do dano causado pelo desastre é muito significativo no modo de vida dos povos originários. 

“É essencial a fiscalização do MPF no processo como um todo. Ainda que a área atingida seja muito extensa (41 municípios mineiros e capixabas foram afetados), é fundamental o esforço institucional de estar presente nesses eventos pontuais no Espírito Santo”, declarou.

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Rompimento da barragem em Mariana afetou 41 cidades mineiras e capixabas

Em 5 de novembro de 2015, houve o rompimento da barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues em Mariana (MG), construída e operada pela Samarco Mineração S/A – empresa controlada pela BHP Billiton Brasil Ltda e pela Vale S/A. 

Como consequência, foram lançados na bacia do rio Doce mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, o que é considerado o maior desastre ambiental, social e econômico já visto no Brasil.

A força destrutiva da lama provocou a morte de 19 pessoas, e seu rastro de destruição se estendeu por 663 quilômetros, atingindo 41 municípios, desde o distrito de Bento Rodrigues, passando pelo estado do Espírito Santo, até atingir o mar territorial brasileiro.