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Transferência de partos de Cobilândia para o Himaba revolta moradores

Associação de moradores e funcionários do hospital municipal acreditam que o ajuste entre Prefeitura de Vila Velha e Estado vai prejudicar o atendimento de gestantes

Foto: Divulgação
Hospital Municipal de Cobilândia irá sediar o novo Centro Integrado de Atenção à Mulher

O Hospital Maternidade de Cobilândia, em Vila Velha, será fechado para reformas e não atenderá mais gestantes em trabalho de parto. Elas terão que procurar atendimento no Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Soteco. A decisão, resultado de um acordo entre a Prefeitura de Vila Velha e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), revoltou moradores. Eles apontam que o ajuste vai trazer prejuízos para as mulheres que dependem do serviço.

A previsão é que a maternidade já esteja fechada a partir da próxima segunda-feira, dia 1 de novembro. Elisângela dos Santos, uma das diretoras da Associação de Moradores da Grande Cobilândia, que engloba os bairros Rio Marinho, Cobilândia, Jardim Marilândia, Vale Encantado, Alvorada e Alecrim, diz que a comunidade se sente traída pela administração municipal. 

“Tivemos inúmeras reuniões com a secretária municipal de Saúde. No último encontro, em agosto, ela afirmou que a maternidade não iria fechar. E agora somos surpreendidos com essa decisão. Estamos preocupados com o que vai acontecer com quem vier procurar atendimento em Cobilândia, que é um ponto tradicional, de referência. Achamos que o Himaba não dará conta por já ter casos de superlotação e já ter, inclusive, mandado para Cobilândia gestantes que foram para lá”, reclamou.

A Associação de Moradores da Grande Cobilândia informou que vai pedir providências junto ao Ministério Público Estadual. 

“Reformar deveria agregar mais serviços”, aponta funcionária da maternidade

Uma das funcionárias da maternidade, que preferiu não ser identificada, declarou à reportagem que o clima é de apreensão frente aos novos ajustes. “Disseram que a maternidade será fechada para uma reforma dos novos serviços que vão ser ofertados por aqui”, disse.

A reforma irá instalar, no lugar da maternidade, o Centro Integrado de Atenção à Mulher. Ele vai oferecer serviços e procedimentos ligados à saúde feminina como ultrassom, laqueadura, entre outros. “Porém, serão menos 16 leitos para puérperas (mulheres em pós-parto) e menos quatro leitos para recém-nascidos sem risco para tratamento clínico”, detalhou.

Ela afirmou não ser contra a reforma. Mas, salientou que ela deveria ser feita para agregar serviços. “Não retirar ou ‘transferir’ como eles preferem usar esse trocadilho de palavras para enganar a população”, reclamou. 

“Na última quarta-feira (27), por conta da superlotação do Hibama, internamos seis gestantes. Além disso, atendemos a muitas gestantes de Cariacica e de Viana por conta da localização do hospital, que é mais próximo para elas. Vila Velha perder sua única maternidade municipal, para mim, é um retrocesso, uma maternidade com mais de 20 anos de funcionamento”, declarou.

O Outro lado: Prefeitura de Vila Velha e Secretaria de Estado da Saúde respondem

Foto: Divulgação/ Governo do ES
Himaba irá receber os leitos do Hospital Municipal de Cobilândia

Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que, de acordo com a Resolução CIB nº 190/2021, pactuado entre Estado e o município de Vila Velha, a partir de quinta-feira (28), os leitos de obstetrícia de referência para gestantes do Hospital e Maternidade de Cobilândia (HMC) passam a funcionar nas dependências do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (HIMABA). 

A Sesa esclareceu que a unidade tem capacidade para absorver a demanda, que gira em torno de dois a três partos/dia.

A Prefeitura de Vila Velha respondeu que o Hospital Municipal de Cobilândia passará por reformas e que por esse motivo os serviços ofertados serão destinados ao Himaba. “Atualmente, o Hospital Municipal de Cobilândia oferta uma média de 6.684 consultas médicas/ano. No novo serviço serão ofertados 29.600 consultas e 24.761 exames, mais do que o dobro em oferta de atendimentos”, explicou. 

A reportagem questionou novamente à prefeitura se, após as reformas, os partos voltarão a ser realizados no local. Mas não houve retorno. Assim que tivermos uma resposta, a reportagem será atualizada.