Nesta semana, duas histórias de jovens de classe média cometendo furtos foram registadas. Nenhum dos infratores passam por necessidade e os produtos de roubo eram lingerie e picanha argentina. O que chamou a atenção foi que nenhum dos casos é de extrema necessidade. Mesmo que fossem, a opinião de muitos é que o ato não tem justificativa.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Psicologia, Diemerson Saqueto, fatos como estes não são explicados nem mesmo pela psicologia. “A necessidade não tem justificativa. É cômico ter que lidar com algo que não tem como se fazer um enquadramento psicológico. Temos vivido em uma sociedade que não tem dado limites adequados”, afirmou.
Saqueto explica que não há como exemplificar o fato por meio da psicologia e acredita que os atos são cometidos pelo simples prazer da ação. “É uma perspectiva de que precisamos encontrar, social ou familiarmente, um mecanismo de colocar limites, impor sanções. Não há psicologia que explique. São jovens, sem necessidade alguma, de classe média, experimentando o prazer de um roubo”.
O presidente do CRP ainda acredita que, para ações do tipo, medidas como prisão podem não ser adequadas para a correção. Ele acredita que esses pequenos delitos exigem medidas educativas adequadas, como serviços comunitários ou para escola. “Cadeia, neste caso, não vai resolver nada”, afirma.
Caso da picanha
Nesta quarta-feira (17), Luís Gustavo de Mello Lima, de 22 anos e João Alberto Cidi Domingos, de 20 anos foram presos por suspeita de furtarem um pacote de batatas e uma peça de picanha argentina, em um supermercado de Vila Velha. De acordo com a polícia, os suspeitos, que estudam em uma universidade particular do município, estavam bebendo em um local próximo à instituição, quando resolveram ir para a casa de um deles para prepararem uma refeição.
Em seguida, os jovens foram até um supermercado e pegaram um pacote de batatas e uma peça de picanha e colocaram os produtos dentro da mochila, sem saber que estavam sendo monitorados. Ao tentarem sair do estabelecimento sem pagar pelos produtos, eles foram abordados pelos seguranças, que acionaram a Polícia Militar.
Luís Gustavo, que cursa direto, e João Alberto, que faz graduação em gastronomia, foram levados para a delegacia, onde foram autuados por furto. Dentro da mochila de Luís Gustavo a polícia encontrou um pedaço de haxixe e o jovem foi autuado também por porte de entorpecente. Na manhã desta quinta-feira (18), eles foram levados para o Centro de Triagem de Viana.