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Três motoristas são flagrados por dia dirigindo após beber no ES

Com a nova lei, o motorista embriagado que causar acidente com morte ou lesão grave à vítima, vai ser preso e responder o processo atrás das grades

Foto: TV Vitória

A cada dia, ao menos três pessoas são flagradas pela polícia dirigindo após consumir bebida alcoólica no Estado. Somente de janeiro a maio deste ano, 509 motoristas bêbados foram autuados. 

Um dos casos de grande repercussão no estado que envolve álcool e direção é do acidente que matou a estudante de fisioterapia Ramona Bergamini Toleto, de 20 anos. A jovem morreu em março de 2020 ao ser atingida por um carro que veio na contramão na Avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha.

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Mesmo após um ano e três meses sem ver a filha, a mãe de Ramona até hoje sente a dor e a revolta de saber que quem causou a morte da filha não está preso. Segundo a polícia, Wilker Wailant estava embriagado e dirigindo na contramão. Ele acertou em cheio a moto da estudante.

“A gente segue de luto, sofrendo com a saudade, com essa dor e essa raiva de ver que eu não tenho mais ela e ele está livre. Se você bebe, se você mata, se você dirige em alta velocidade, você assume o risco e uma pessoa assim não pode ficar livre”, disse a mãe da vítima, Kelly Bergamini.

De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran|ES), apenas de janeiro a maio deste ano, mais de 500 motoristas foram flagrados dirigindo sobre efeito de álcool pelas ruas capixabas.

Outro caso semelhante foi registrado em vídeo por um agente da Guarda Municipal de Vila Velha no último domingo (13). Um motorista estava dirigindo embriagado em cima da Terceira Ponte. O condutor chegou a fazer zigue-zague na pista.

De acordo com os agentes, quem conduzia o veículo era um policial civil aposentado. Ele foi detido e levado para a delegacia. O homem teria confessado que consumiu bebida alcoólica. Ele foi autuado em flagrante por embriaguez ao volante, pagou fiança e foi liberado.

“O fato da pessoa pagar uma fiança, não significa que ela está livre do crime, ela apenas responde solta. Mas é uma consequência muito grave pois a pessoa está com uma ficha criminal por ter cometido um crime, então o que a gente orienta para essas pessoas é que tenham consciência”, explicou o delegado Marcelo Nolasco.

Agora o cenário é outro

No caso relatado do policial aposentado na Terceira Ponte, ele não causou acidente e nem feriu ninguém, mas a partir de agora, quem dirigir embriagado e causar acidente que resulte em morte ou lesão corporal grave em alguém, não poderá mais pagar fiança e responder em liberdade, vai ser preso imediatamente. 

Essa medida faz parte da nova lei 14.071 que obriga o motorista a responder o processo em regime fechado, ou seja, atrás das grades.

“A nova lei de trânsito traz o homicídio culposo, podendo ser direcionado pela penalização de cinco a oito anos para os acidentes de trânsito que ocasionarem óbito e de dois a cinco anos para acidentes que ocasionarem lesões corporais graves ou gravíssimas”, explicou a advogada Laila Freitas.

O capitão Hércules do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, explica que com a mudança na lei de trânsito, mesmo que o crime cometido por um motorista embriagado seja considerado homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, o condutor do veículo não vai mais se beneficiar com pagamento de fiança, como é previsto no artigo 44 do Código Penal.

“Nós verificamos que muitas pessoas estão sendo mutiladas muito nos pés da via. Já são mais de 30 mil mortes por acidente no trânsito brasileiro. Isso é uma guerra civil”, apontou.

Leis mais rigorosas com o objetivo de salvar vidas. Um acalento para quem perdeu pessoas tão próximas e queridas em acidentes de trânsito.

“Eu estou há um ano e três meses e eu posso falar que a dor é a mesma do dia 4 de março do ano passado. Não tem um dia que a gente vai chorar, não tem um dia que a gente não vai ficar triste, mas nós precisamos ter fé e nos manter fortes para buscarmos justiça”, disse Kelly, mãe da jovem Romana que foi morta em um acidente no ano passado.

* Com informações da repórter Milena Martins, da TV Vitória/Record TV.