O presidente Donald Trump e seu rival democrata Joe Biden levaram a corrida presidencial para o Estado de Michigan, que será crucial na eleição de novembro. Nesta quarta-feira, 9, Biden esteve nos subúrbios de Detroit, onde prometeu “proteger o emprego dos americanos” – um discurso muito parecido com o de Trump, que fará nesta quinta, 10, um comício em Saginaw, 200 quilômetros ao norte, região central do Estado.
A eleição americana é indireta, decidida por um colégio eleitoral de 538 votos alocados segundo a população de cada Estado. Por isso, mesmo tendo menos votos que Biden no país inteiro, Trump ainda pode ser reeleito, desde que vença o democrata em Estados-chave, como Michigan, que tem 16 votos no colégio eleitoral.
Em 2016, Trump teve quase 3 milhões de votos a menos que Hillary Clinton, mas foi eleito porque venceu a eleição em Estados-chave do Meio-Oeste, reduto histórico dos democratas, como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, por menos de 1 ponto porcentual de vantagem – em Michigan, a diferença foi de 10 mil votos.
De todos os Estados que Trump venceu em 2016, Michigan parece o mais vulnerável. Tanto que a campanha do presidente suspendeu a compra de anúncios nas TVs locais e várias sondagens sugerem que Biden estabeleceu uma vantagem razoável – 47% a 43,8%, segundo a média de pesquisas do site Real Clear Politics, e 49,7% a 42,2%, de acordo com o site Five Thirty Eight.
“Há duas coisas que não dá para esconder na eleição americana: onde o dinheiro é gasto e para onde o candidato vai. É assim que você sabe o que a campanha está pensando”, disse o estrategista republicano Stuart Stevens. Daí a relevância de Michigan, que recebe a visita de Trump e Biden quase ao mesmo tempo.
Na última quarta-feira (9), Biden esteve em Warren, subúrbio de Detroit, reduto de eleitores brancos da classe trabalhadora, que eram fiéis aos democratas, mas sempre gostaram do estilo de Ronald Reagan e votaram em Trump na eleição passada.
Em locais como Warren, o democrata vem adotando uma pegada mais populista para seduzir os trabalhadores e operários de fábricas que sofrem com a desindustrialização dos EUA – uma crise econômica muito anterior à pandemia.
Em sua visita, Biden anunciou uma proposta de aumento dos impostos sobre lucros das empresas americanas no exterior e incentivos fiscais para a indústria doméstica – um tipo de protecionismo familiar aos eleitores de Trump.
Hoje, será a vez de Trump. O presidente fará um comício no Condado de Saginaw, onde ele venceu Hillary por 1 ponto porcentual. Na eleição para o governo do Estado, em 2018, a maré mudou e a democrata Gretchen Whitmer derrotou o republicano Bill Schuette com 8 pontos de vantagem em Saginaw.
Esta semana, Trump retomou a compra de anúncios de TV em Michigan, com uma peça que critica Biden, anuncia a chegada de uma vacina contra o coronavírus e ostenta a recuperação da economia americana, apesar da pandemia.
Por enquanto, Biden – cuja campanha vem batendo recorde de arrecadação de dinheiro – está gastando mais do que Trump em Michigan. Durante a semana, o presidente investiu cerca de US$ 1,1 milhão nas TVs do Estado, em comparação com quase US$ 2,4 milhões do democrata, de acordo com dados da Advertising Analytics.
No entanto, nas próximas semanas, os dois reservaram praticamente a mesma quantidade de tempo nas TVs locais, o que indica que o presidente não desistiu dos 16 votos de Michigan e pretende voltar a ser competitivo no Estado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.