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O último episódio da série da TV Vitória que retrata a situação das comunidades atingidas pela lama de rejeitos da barreira rompida em Mariana mostra as ações – em Minas Gerais e no Espírito Santo – que estão sendo realizadas para salvar as populações e municípios destruídos pela tragédia.
Em Bento Rodrigues, em meio ao que restou do passado, a tentativa é de preservar o futuro. Após a devastação causada pela lama de rejeitos de minério há mais de um ano, arqueólogos trabalham pra tentar recuperar parte da memória de quem vivia por ali.
“Nós já conseguimos recuperar, ao longo da área impactada, cerca de duas mil peças históricas. Elas foram enviadas para uma reserva técnica que a gente montou e lá recebem os primeiros socorros antes de passar por restauração”, contou o arqueólogo Vinícius Castilho.
Na região, um projeto para reassentar as 236 famílias desalojadas está em andamento. O trabalho é realizado pela Fundação Renova, instituição de propriedade da Samarco, constituída para reparar os danos causados. “Nosso compromisso é de entregar os três distritos até março de 2019” disse o coordenador da Renova, Álvaro Pereira.
A fundação também vem desenvolvendo ações no Espírito Santo. Em Colatina, por exemplo, a Renova já iniciou o Programa de Indenização Mediada (PIM). O objetivo é ressarcir pessoas, famílias, micro e pequenos empresários impactados pelo rompimento da barragem mineira por meio de acordos, sem os trâmites e custos judiciais.
Este mês, a instituição concluiu as obras de uma nova adutora para a cidade, que deverá garantir o abastecimento de água em todo o município, caso a captação de água no Rio Doce tenha que ser interrompida.
Sobre o futuro do rio, a diretora-presidente do Iema, Andreia Carvalho, reflete: “nossa expectativa é que de fato a gente tenha um Rio Doce completamente recuperado, que a gente devolva a dignidade às pessoas que foram atingidas, não só na questão ambiental, mas também na questão social e econômica”.
A única certeza sobre o futuro é que não há certezas. O destino das vítimas, do meio ambiente e da própria Samarco depende, principalmente, da batalha que está sendo travada nos tribunais. Ao todo, mais de 18 mil processos tramitam na justiça criminal, civil e trabalhista em todo o país.
“As investigações demonstraram de uma forma muito clara que houve omissões reiteradas por parte da Samarco, Vale, BHP e de sua alta administração ao longo de vários anos. A grande motivação da prática dessas omissões foi permitir a manutenção da operação da empresa em detrimento de questões de segurança; por isso a conclusão do Ministério Público é de que a ganância foi a principal motivação da prática dos crimes”, ressaltou o promotor MPF, Jorge Munhós.
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