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O caso da mãe que esfaqueou nesta quarta-feira (13) o filho de dois meses de idade em Cachoeiro de Itapemirim traz à tona um assunto que, segundo pesquisas da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), atinge uma em cada quatro mulheres que dão à luz: a Depressão Pós-parto.
A pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública, que faz parte da Fundação, entrevistou 23.896 mulheres entre seis e 18 meses após o parto. O trabalho representa um marco inédito nas pesquisas sobre o tema. Ainda muito cercado por preconceitos e estereótipos no país, é a primeira vez que temos um estudo no Brasil com tantas mulheres distribuídas por todos os estados.
Os resultados mostram que o número de mães que apresentam sintomas está acima da média internacional. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a média de casos de Depressão Pós-parto em países de baixa renda é de 19,8%. De acordo com o estudo da Fiocruz o índice de brasileiras com sintomas é de 26,3%, maior também do que o registrado em países da Europa, Estados Unidos e Austrália.
O psiquiatra Válber Dias Pinto explica que a manifestação da síndrome está relacionada à mudança abrupta nos níveis hormonais do corpo feminino. “A placenta produz muitos hormônios e quando ela sai no parto, a concentração dessas substâncias cai abruptamente”, ressaltou o especialista.
O principal sintoma, ainda segundo o médico, é o estado de espírito da recente mãe: “era esperado que essa mulher estivesse alegre com o nascimento, mas ela demonstra uma tristeza profunda e constante, muitas vezes com um choro incontrolável”, diagnosticou Valber.