Dois funcionários de uma empresa terceirizada da Vale que trabalhavam na mina Córrego do Feijão confirmaram que demoraria entre 8 e 20 minutos para que os trabalhadores alcançassem um lugar seguro, de acordo com os treinamentos de fuga realizados pela mineradora antes do rompimento da barragem.
No entanto, no dia 25 de janeiro deste ano, a onda com lama de rejeitos de minério demorou apenas 34 segundos para atingir a estrutura administrativa da mineradora.
A informação foi compartilhada por Antônio França Filho e Romero Xavier, funcionários da Reframax, que prestava serviços para a Vale, durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de Brumadinho na Assembleia de Minas nesta segunda-feira (15).
Deputados criticaram o plano de fuga montado pela Vale, “que não poderia ser cumprido por ninguém”, de acordo com o relator da CPI, André Quintão (PT).
– Todos os depoimentos, inclusive dessa audiência foram reveladores sobre o desconhecimento dos trabalhadores sobre a chegada da lama em até 60 segundos e não é por outro motivo que estamos convivendo com mais de 270 mortes.
De acordo com a Vale, o rompimento da barragem se deu de “forma abrupta”, o que não permitiu que o PAEBM (Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração) fosse acionado.
Ele “considera que, a partir da elevação do nível de risco de uma estrutura, a Zona de Autossalvamento seja evacuada, com acionamento das sirenes. Os planos consideram três níveis de risco, sendo o último deles (Nível 3) o risco iminente ou o rompimento da barragem. Entende-se que, antes de um rompimento, haverá sinais e, portanto, tempo para elevação do nível de alerta e remoção com segurança de todas as pessoas da ZAS. O rompimento da barragem B1 se deu de forma abrupta, sem sinais prévios, o que impossibilitou o acionamento do protocolo para esse tipo de situação”, diz a mineradora em nota.