O valor da refeição no Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) pode aumentar caso a situação financeira da instituição não melhore. A afirmação é do reitor da universidade, Reinaldo Centoducatte. Atualmente o valor cobrado de estudantes é de R$ 1,50, com exceção daqueles que possuem isenção de 50% ou 100%.
Na tarde desta segunda-feira (4), a reitoria da Ufes apresentou publicamente a situação financeira da instituição. De acordo com Centoducatte, a universidade sofre com impactos do contingenciamento da verba federal nas ações de ensino, pesquisa e extensão. O evento foi aberto ao público e realizado no Teatro Universitário, localizado no campus de Goiabeiras.
Sobre a queda na qualidade e no quantitativo das refeições no RU, o reitor afirmou que foram feitas mudanças emergenciais para fechar o ano, mas, ainda assim, o subisídio ao funcionamento do restaurante é significativo. “Antes, se nós aportávamos em torno de R$ 6 milhões de assistência estudantil para o RU, esse ano o aporte foi de R$ 3,1 milhões. Tivemos que tirar o valor da verba de custeio, que é de R$ 71 milhões para várias outras áreas”, diz.
“Nós temos que discutir e encontrar uma solução. Uma possibilidade é reajustar o valor da alimentação, que atualmente é de R$ 1,50. Convenhamos que é muito pouco o conjunto de estudantes que temos. Nós garantimos, porém, que os alunos que são da assistência estudantil não sofrerão nenhuma mudança. Aqueles que pagam R$ 0,75, continuarão pagando esse valor e aqueles que possuem insenção total, também permanecerão. Isso porque temos a responsabilidade de dar condições mínimas e necessárias para esses futuros profissionais”, fala o reitor.
Atualmente a Ufes tem 26 mil estudantes. Contando com os servidores, são 30 mil pessoas circulando pela Ufes, nas unidades de todo o Estado. O número de alunos, em todos os níveis de graduação, dobrou nos últimos 10 anos. Já os investimentos não acompanharam o crescimento.
Crise
Segundo Centoducatte, os problemas começaram em 2014, quando o Governo Federal passou a restringir os repasses às universidades. Nos anos seguinte, as verbas para custeio ficaram ainda mais restritas. Entre 2015 e 2016, foram 24 milhões de reais a menos. O total valor de repasse do governo à Ufes para 2017 é de R$ 142 milhões. Desse total, a instituição pode movimentar apenas metade, que fazem parte dos recursos liberados pelo Ministério da Educação (MEC) para custeio.
“Até agora, no custeio, foi liberado à instituição 75,4% dos R$ 71 milhões, cerca de R$ 50 milhões. O governo sinaliza que tem compromisso de liberar até 85% desse total, mas nós temos direito ao 100. O fato é que poderemos garantir o funcionamento e o equilíbrio financeiro da universidade com a liberação do valor total. Com esses recursos, estamos preparados para fechar o ano. Caso contrário, a Ufes não terá como honrar a dívida nesse orçamento de 2017 e teremos que pagar com o orçamento de 2018. Isso complica, pois sobreviver com o orçamento de 2018 e herdar ainda uma dívida do ano anterior vai ser muito difícil”, diz Reinaldo.
Apesar da incerteza sobre a liberação da verba total para este ano, o reitor garante que a Ufes não fechará as portas. “Nossa universidade continuará prestando serviços que são necessários para a sociedade capixaba. Nossa instituição tem relação de obrigação e compromisso com a sociedade e, independente da gestão e de governos que entram em saem, nós permaneceremos cumprindo as obrigações com qualidade”, afirma.
Reportagem: Breno Ribeiro.