Uma bebê teve fraturas na clavícula e no crânio após cair de uma incubadora em uma maternidade localizada em Belém, no estado do Pará. A queda, ocorrida em maio deste ano, foi de uma altura de 1,5 metros.
Jéssica Machado, mãe da pequena Roberta, conversou com o programa Domingo Espetacular, da Record TV, e contou detalhes sobre o caso. Ao lado do marido, Roberto Machado, ela revelou que só foi perceber o que aconteceu após ter visto um hematoma na cabeça da criança.
“Não queriam me deixar entrar na UTI. Nisso que eu entro, a criança está totalmente desnorteada. Estava muito molezinha e molhada. Eu perguntei para a técnica o que aconteceu, e ela disse que havia dado banho nela e estava fazendo ela dormir”, contou Jéssica.
O caso
Em imagens divulgadas pela mãe, é possível ver o momento que ocorre a queda e a ação das funcionárias da maternidade. Após a porta da incubadora abrir com o peso feito pela bebê ao encontrar na porta, a criança vira e cai de bruços na borda do equipamento, rolando e caindo posteriormente de cabeça no chão.
Uma técnica que estava no espaço correu para tentar evitar a queda da criança após perceber que a porta da incubadora havia se aberto, mas não conseguiu chegar a tempo. Em seguida, ela pega a criança do chão e deixa ela no colo, enquanto outras funcionárias examinam a porta do equipamento. Minutos se passam sem que a criança receba qualquer tipo de atendimento médico.
Com a bebê no colo, a funcionária começa então a passar um pano molhado na cabeça da criança. Uma outra técnica pega um estetoscópio e começa a examinar Roberta. Em nenhum momento, porém, ela é levada para atendimento de um médico.
“Ela poderia ter pego a criança, ter protegido, levado para um bloco cirúrgico, ter feito alguma coisa que ela não fez. Nem ligar para comunicar que a criança havia caído ela ligou”, desabafou a mãe.
Veja
Travas
Incubadoras como a utilizada pela maternidade onde a bebê estava internada possuem duas travas manuais que bloqueiam a porta, para que ela não seja aberta com a movimentação da criança. Para o pai de Roberta, o dispositivo teria sido mal posicionado no momento do fechamento. “A incubadora tem duas travas. Só uma trava foi corretamente fechada. Com uma batidinha da criança, a porta abriu”, disse Machado.
De acordo com um neurologista especializado no atendimento a crianças, o acidente só não foi mais grave devido à condição elástica do crânio de bebês recém-nascidos. “Existe uma vantagem muito grande, porque o crânio da criança é molinho ainda. Então ele aguenta o impacto de uma maneira muito melhor. O impacto é menorizado por essa elasticidade do crânio da criança”, esclareceu o neuropediatra.
Responsabilidade
Roberta está bem e já está em casa com os pais. A preocupação, porém, é com a existência de sequelas neurológicas provocadas pelo tombo, diagnóstico que só poderá ser dado com exatidão ao decorrer do desenvolvimento do bebê. Agora, a mãe e o pai buscam a responsabilização dos envolvidos pelo ocorrido.
“O que se quer neste momento, se for o caso, (é que) haja a responsabilização criminal das pessoas que concorreram para que isso acontecesse. Isso é um fato grave. As imagens causam repulsa e isso precisa ser apurado”, falou Michell Durans, advogado do casal.
Em nota, a Maternidade Saúde da Criança disse que não prestará qualquer informação e não discutirá qualquer incidente. A instituição ainda alega ter agido como habitualmente, oferecendo assistência médica e psicológica até a alta do paciente. A polícia abriu inquérito para apurar a responsabilidade do hospital e dos funcionários, e já ouviu os envolvidos na ocorrência.
Para os pais, no entanto, fica a indignação. “Ali é um ser humano, não uma mercadoria que cai e você coloca de novo na incubadora e não fala nada”, reclamou Jéssica.
* As informações são da Record TV