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VÍDEO | Filhotes de tubarão aparecem em mar de Camburi e especialistas explicam motivo

Guarda-vidas contou a experiência e especialistas tiraram dúvidas sobre se o evento é algo "normal" e que cuidados devem ser tomados

Foto: Jackson Serpa

Um episódio inesperado chamou a atenção de banhistas e guarda-vidas na Praia de Camburi, em Vitória, na tarde deste domingo (05). É que dois filhotes de tubarão apareceram bem próximo à areia, entre os quiosques 14 e 15, no bairro Jardim Camburi. O Folha Vitória ouviu especialistas para entender o motivo.

Segundo relato do guarda-vidas Jackson Serpa, o primeiro tubarãozinho apareceu próximo ao Parque da Vale, por volta das 14h. O segundo veio cerca de uma hora depois, às 15h. As crianças que estavam na água logo saíram correndo para contar para Jackson.

“As crianças viram e eu fui lá e peguei esse segundo que apareceu. Alguns banhistas ficaram na areia olhando, mas não foram embora da praia, preferiram fazer fotos”, brincou.

Em seguida, segundo o profissional, o bichinho foi solto, voltou nadando e sumiu. “Alguns amigos surfistas dizem já ter visto, mas eu mesmo nunca tinha visto assim no meio da areia, com a praia lotada. Também teve muita água-viva e gente queimada, ontem estava difícil. Nessa época aparecem mais medusas mesmo, ainda mais na região de Jardim Camburi”, acrescentou.

Segundo ele, alguns banhistas, em especial os idosos, começaram a falar que era perigoso ficar na água, já que pensavam que se havia filhotes no local, tubarões maiores poderiam estar por perto. Então algumas pessoas preferiram se retirar.

Especialistas comentam o caso

Segundo Paulo Rodrigues, oceanógrafo do Projeto Baleia Jubarte, há, sim, ocorrências de tubarões na costa do Espírito Santo, inclusive se reproduzem nas regiões estuarinas, de desembocaduras de rios.

“Esse avistado é uma espécie de cação (Rhizoprionodon porosus), tubarões pequenos que chegam a pouco mais de um metro de tamanho. Eles são comuns nas praias e se alimentam de animais pequenos, peixes, lulas e camarões. Além disso, não oferecem risco de ataque”, afirmou.

Apesar de não atacarem, Rodrigues deixou o alerta de que, se manuseados, podem provocar uma mordida, tentando se desvencilhar da pessoa que está segurando.

Outro ponto importante, segundo ele, para desmistificar algumas crenças dos banhistas, é que os filhotes não acompanham os pais, não existindo esse cuidado parental na espécie.

Já para o biólogo e mestrando em Biologia Animal pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Daniel Motta, a ocorrência de tubarões no litoral capixaba é comum, mas a proximidade da orla pode ocorrer por estarem atrás de algum cardume, debilitados ou para reprodução, quando encontrados próximo a algum estuário.

“Todo animal selvagem oferece riscos de se defenderem de alguma forma, no caso do tubarão, com uma mordida. Por isso o protocolo é retirar os banhistas do mar. De qualquer forma, os relatos de tubarões nesse região são antigos, tanto que ali era chamado de Ponta de Tubarão. A orientação é sempre lembrar de nunca ter manuseá-los”, disse Motta.