Geral

Vinte dias após compra de equipamentos, capacidade de testagem do Lacen não mudou

No início do mês, a Sesa anunciou a compra de equipamentos com capacidade para processar de 600 a 700 amostras de testes de biologia molecular por dia

Foto: Divulgação

Anunciada no início do mês pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a compra de equipamentos para testagem de pacientes com suspeita da covid-19 não acelerou o trabalho no Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES), como prometido. Vinte dias depois, o laboratório continua sendo capaz de processar até mil amostras por dia.

“Nossa capacidade hoje é de mais de mil exames por dia e nós estamos recebendo algo em torno de 700 exames por dia. Então não temos mais hoje a dificuldade de ter uma fila de exames para análise”, afirmou nesta terça-feira (23) o subsecretário de Vigilância em Saúde do Espírito Santo, Luiz Carlos Reblin.

Há 20 dias, Reblin anunciou, em entrevista à TV Vitória/Record TV, a aquisição de equipamentos com capacidade para processar de 600 a 700 amostras de testes de biologia molecular por dia, com tecnologia diferente daquela até então utilizada pelo Lacen.

“Nós iniciamos a utilização de seis equipamentos que têm o modelo diferente para realização do exame e só esses seis equipamentos fazem cerca de 600 exames por dia”, disse o subsecretário na época.

A chegada desses novos equipamentos prometia acelerar a testagem de pacientes com suspeita de covid-19, já que permitiria um aumento de 60 a 70% da capacidade de processamento do laboratório. 

No entanto, além da capacidade de testagem do Lacen não ter sido ampliada, não houve aumento na quantidade de amostras de fato processadas. No dia 3 de junho, o Lacen processava entre 630 e 750 amostras todos os dias, devido à escassez de reagentes para análise automatizada das amostras de secreção dos pacientes testados. Ao todo 3,1 mil amostras ficaram represadas.

“Se essas pessoas sabem do resultado mais cedo, elas vão se isolar e vai se evitar a contaminação daquelas pessoas que estão com ela. O fato de não saber do resultado muitas vezes faz com que as pessoas fiquem acomodadas e não cumpram com rigor o isolamento dos 14 dias, especialmente dentro de casa, entre os moradores”, destacou o médico infectologista Paulo Peçanha.

Exames em espera

As 3,1 mil amostras represadas foram encaminhadas para processamento no Paraná. Desde então, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) afirma que não há mais filas de amostras no Lacen. 

No entanto, alguns pacientes dizem o contrário. A dona de casa Lívia Ferreira Furtado, de 35 anos, foi testada no Pronto Atendimento (PA) da Glória, em Vila Velha, no dia 16 de março, e, segundo ela, ainda não recebeu o resultado.

“Eles me deram um prazo de três a quatro dias e iam ligar. Depois do prazo não tinha nenhuma resposta, eles não te dão nem um protocolo, não tem um site que você possa entrar e consultar. É só por telefone mesmo. Eu ligava para a vigilância sanitária, que dizia que era responsabilidade do Lacen. Aí ligava para o Lacen, falava que era vigilância sanitária. Ficava um empurrando para o outro”, contou a dona de casa.

Mesmo após ter percorrido diversos países da Europa e apresentado sintomas ao retornar, Lívia não se enquadra no grupo com prioridade para testagem. Fazem parte dele: os hospitalizados, idosos em instituições de longa permanência, pessoas acima de 45 anos com comorbidades, grávidas, puérperas até duas semanas após o parto e indígenas.

“É muito importante a realização dos testes nas pessoas sintomáticas, e mais importante ainda que elas tenham o resultado o mais cedo possível, para que haja mais comprometimento com o isolamento”, frisou Peçanha.

Sobre os testes de biologia molecular realizados nos meses de abril e março, cujos resultados até agora não foram divulgados, Reblin afirma que a demora não foi provocada pela escassez de reagentes. “Nós não temos atrasos de material coletado em março e abril, em função da realização de exames. Alguma outra ocorrência aconteceu”, afirmou o subsecretário.

Reblin destacou ainda, nesta terça-feira, que foram adquiridos 40 mil kits com insumos para processamento de amostras dos testes de biologia molecular, reagentes que vinham sendo utilizados pelo Lacen até a aquisição dos novos equipamentos. “Nós adquirimos um volume muito grande de kits de extração, mais do que a quantidade necessária para um mês. Então hoje está normalizada a situação do kit de extração”, garantiu.

Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV