O comércio voltou a funcionar em 72 municípios do Espírito Santo nesta quarta-feira (22). O decreto que permite a flexibilização do comércio no interior do estado foi assinado pelo governador Renato Casagrande no último sábado (18).
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a permissão para reabrir o comércio foi dada aos municípios com menor índice de contaminação da covid-19. Entretanto, essa autorização veio exatamente no período em que a secretaria projetava que haveria um pico de contaminações no estado.
“O pico da doença é quando ele se eleva. Nós vamos ter um aumento de casos significativamente, e aí ele permanece num platô. O pico não significa que ele vai subir e descer. Significa que ele vai chegar num limite, mas vai permanecer nesse limite entre seis e oito semanas”, explicou o coordenador do Centro de Operações Estratégicas (COE) da Sesa, Luiz Carlos Reblin.
Por causa dessa curva ascendente dos casos de contaminação no estado, que inclusive pode perdurar por ainda mais tempo, alguns especialistas na área acreditam que a medida não veio em uma boa hora.
“Se a gente considerar os grandes centros urbanos, neste momento não é uma boa ideia flexibilizar as atividades comerciais, porque a gente está em pleno processo de incremento da curva, de ascensão dessa curva epidêmica. Neste momento, a circulação de pessoas, promovida pela atividade comercial, consegue fazer o aumento da transmissão de casos”, frisou o infectologista Crispim Cerutti.
“Naturalmente o governo está se baseando, para essa decisão, nos números que cada município mostra. Agora, o problema é que o vírus não obedece exatamente essa geografia que nós estamos acostumados a ver, que seria o limite entre municípios”, completou o também infectologista Paulo Mendes Peçanha.
Guarapari
Um dos municípios onde o comércio voltou à atividade nesta quarta foi Guarapari, que tem 12 casos confirmados da covid-19. Depois de 38 dias de lojas fechadas, o movimento pela cidade foi intenso durante todo o dia, com muitos carros e congestionamento nas ruas.
No entanto, a reabertura do comércio no município, como nos demais onde a atividade voltou a ser liberada, foi condicionada a algumas restrições, como a proibição de receber clientes sem máscaras, limitar o número de pessoas nos estabelecimentos, funcionar em horário especial, entre outras. Quem não seguir as regras pode ser multado. O valor ainda será definido.
A comerciante Ana Luisa Montovanelli, dona de uma loja de roupas na cidade, conta que muita coisa mudou no atendimento. “Tudo está diferente. O modo de lidar com as pessoas, tem que passar álcool em gel, o uso de máscara. Quem está vindo sem a máscara, a gente não está deixando entrar”, disse.
Os comerciantes abriram, mas alguns aparentemente ainda têm dúvidas com relação às regras. Uma loja que poderia funcionar até as 17 horas, fechou uma hora antes. Segundo a Prefeitura de Guarapari, alguns ajustes estão sendo feitos por meio de um decreto.
“Hotelarias e centros comerciais, como shoppings, poderão funcionar das 12 às 17 horas, mas continuam proibidas algumas atividades: qualquer atividade de academia, teatros, cinemas e outros eventos que gerem aglomerações. Quiosques e ambulantes também continuam proibidos no município. E bares e lanchonetes que vendem bebidas alcoólicas são proibidos de vender, no intuito de evitar aglomerações”, ressaltou o secretário de Postura e Trânsito do município, Luiz Carlos Cardozo Filho.
Ele explicou ainda como ficará a questão da circulação nas praias da cidade. “Tem um decreto que proíbe a entrada e permanência das pessoas nas praias, nas orlas e na faixa de areia. Porém esse decreto que está sendo feito agora permite que sejam feitas atividades individuais de lazer, as caminhadas, obrigatoriamente com o uso de máscaras”, disse o secretário.
Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV