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Voluntários recuperam documentos públicos danificados pelas chuvas de Iconha

Dezoito voluntários estão trabalhando na restauração de documentos, fotografias e telas do acervo da Casa da Cultura do município. Os trabalhos são realizados em um laboratório da Ufes

Foto: Reprodução TV Vitória

Dezoito voluntários estão trabalhando na restauração de documentos, fotografias e telas do acervo da Casa da Cultura de Iconha, município devastado pelas chuvas dos últimos dias. Os trabalhos são realizados em um laboratório da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Usando água superpurificada, Sérgio retira a lama acumulada nas páginas do livro de registro de atividades do extinto Banco Agrícola e Industrial de Iconha. 

“Depois, esses papéis são postos a secar, para que eles sequem naturalmente. É o que a gente pode fazer no momento para recuperar o suporte, o papel e as informações que têm no livro”, explicou Sérgio Oliveira Dias, coordenador de preservação do Acervo Público Estadual.

Segundo Paula Nunes Costa, museológica da Secretaria de Cultura do Estado, 95% das telas que existiam no espaço cultural foram levados para o Núcleo de Conservação e Restauração, onde é feito um trabalho de conservação e recuperação. 

Também foram recuperadas em torno de 50% da documentação do Instituto Geográfico Municipal. Agora, o papel dos registros está sendo tratado para que sejam recuperadas, da mesma forma, as informações que compõem esses documentos.

Mais de 140 peças foram trazidas para o Núcleo de Conservação e Preservação da Ufes, em Vitória, onde, por enquanto, estão sendo higienizadas e catalogadas. Entre os documentos resgatados, há o registro da divisão das comunidades de Iconha ao longo do século XIX. E escritos de Rubem Braga sobre o município de 1951.

“Depois desse fichamento, que a gente identifica qual foi a problemática, a gente vai pro segundo passo. Fazer um teste químico em cada uma das obras pra saber que tipo de material deve ser usado pra não causar outro dono”, explicou a restauradora Flávia Zanardini.

Os restauradores correm contra o tempo para evitar que os fungos se espalhem -como já ocorreu em parte das telas – e provoquem danos irreversíveis.

“A lama tem muita matéria orgânica. Então, em contato com o papel e com a umidade, a velocidade com que esse material se deteriora é de uma maneira absurda. E aí, o clima formado com a moldura e o vidro acaba afetando e contribuindo para que o mofo se prolifere com uma velocidade muito maior”, afirmou Aline Ramos, técnica de restauração do Núcleo da Ufes.

O próximo passo é o restauro das peças. Segundo a museóloga da Secretaria de Cultura do Estado, por enquanto, é preciso tentar realizar um diagnóstico das obras, entender como cada uma foi afetada, e a partir daí, pensar em como captar recursos para viabilizar essa restauração.

Não se sabe ao certo quando a recuperação das peças vai terminar. Mas os restauradores estão empenhados no resgate da história e da cultura de Iconha.

Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV.