O uso de remédios para insônia pode se tornar um risco para a saúde e trazer consequências graves para as pessoas. Um jovem de 22 anos, por exemplo, comprou duas passagens para Buenos Aires, na Argentina, durante uma crise alucinógena provocada pelo uso de um remédio.
Em uma entrevista para um programa de televisão no último domingo (06), Pedro Henrique contou que, após tomar o Zolpidem, começou a sentir fome. Ele foi até a cozinha, pegou algo para comer e voltou a deitar. O jovem disse que começou a mexer no celular e, a partir deste momento, teve lapsos de memória.
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Durante a crise, Pedro Henrique chegou a enviar um vídeo para uma amiga. O jovem faz uso do Zolpidem desde 2020. O remédio é utilizado para insônia e é classificado como hipnótico. Ele tem um forte efeito indutor do sono e, por isso, o uso é indicado, no máximo, por quatro semanas.
O medicamento virou moda entre os jovens pelos seus efeitos alucinógenos e tem sido usado para fins recreativos e sem prescrição médica. O médico Fabiano de Abreu alerta para a importância de tomar os devidos cuidados ao utilizar o medicamento.
“Quando tomamos medicamentos sem necessidade, causamos uma perigosa disfunção podendo desorganizar essa produção acarretando em doenças e/ou riscos de morte seja em curto ou longo prazo. Assim como desencadear processos como demência, câncer, entre outros, todo medicamento causa dependência, principalmente quando não há necessidade de tomá-lo”, destacou.
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Pedro Henrique conseguiu cancelar a viagem. Não é difícil encontrar relatos semelhantes nas redes sociais. Um jovem conta que já teve um prejuízo de R$ 15 mil em uma compra realizada sob o efeito do remédio.
“A última vez que o Zolpidem me trouxe problemas foi com um prejuízo de 15 mil reais em uma compra. Depois disso nunca mais tomei. Fora a vergonha das milhares de mensagens que eu mandava pros amigos e conhecidos sem lembrar depois”, escreveu um internauta no Twitter.
“Tomei Zolpidem ontem e tive um surto depois de 2h que ingeri o medicamento. Tô com a cara toda arrebentada, um corte no lábio inferior e também perdi um dente. Não brinquem com os efeitos colaterais desse medicamento”, disse outra.
Zolpidem pode levar a quadros de dependência
Ao Folha Vitória, a médica psiquiatra Maria Benedita Reis diz que são vários os riscos do uso sem prescrição da chamada ‘Droga Z’, como o Zolpidem.
“O uso precisa ser racional. Por curto tempo. Por agir no sistema nervoso central, pode levar, por exemplo, a perda de consciência e a perda do senso crítico. O uso precisa ser racional, por curto tempo. Jamais para uso recreativo. É um medicamento que pode desencadear dependência física e psicológica”.
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Outros riscos apontados pela médica são: queda em idosos, perda de memória e atitudes impulsivas. Segundo Maria Benedita, há relatos de colegas envolvendo pacientes que tiveram atitudes assustadoras.
Um outro ponto importante está relacionado às interações medicamentosas. “Pacientes com epilepsia e que tomam remédio para a doença correm o risco de potencializar o efeito da medicação. É o caso também de medicações para alergia, analgésicos e até remédios para micose e HIV”, pontuou.
E vale lembrar: a automedicação é perigosa. Qualquer remédio deve ser usado apenas com prescrição médica. Usar medicamentos sem indicação de um profissional pode levar a quadros hemorrágicos, alterações nos rins ou fígado, além da dependência.