Nos últimos anos, as redes sociais têm contribuído para a ampliação da visibilidade do autismo em adultos, particularmente entre mulheres. Embora o transtorno do espectro autista (TEA) se manifeste desde a infância, muitos indivíduos recebem o diagnóstico apenas na fase adulta, em razão de lacunas históricas nos critérios clínicos utilizados para identificação da condição.
Um estudo publicado na Revista Remecs, intitulado “Transtorno do Espectro Autista em Adultos”, analisa as características do TEA em pessoas adultas. A pesquisa aponta dificuldades relacionadas à socialização, comunicação atípica e interesses restritos. O estudo também enfatiza a relevância do diagnóstico precoce e da intervenção adequada para promover melhor qualidade de vida.
Pesquisas indicam que 80% das mulheres autistas só são diagnosticadas na vida adulta. Esse fenômeno é atribuído ao fato de que os critérios clínicos tradicionais foram estabelecidos principalmente com base em manifestações do autismo observadas em homens. Além disso, estratégias desenvolvidas por mulheres para mascarar comportamentos característicos do transtorno dificultam o reconhecimento precoce da condição.
Relatos de adultos autistas frequentemente mencionam uma percepção contínua de não pertencimento, identificada desde a infância e persistente em interações sociais cotidianas. Pessoas autistas tendem a se dedicar intensamente a temas específicos, explorando-os com alto nível de detalhamento.
Embora muitos indivíduos com TEA consigam socializar, enfrentam desafios na interpretação de sinais sociais sutis, como expressões faciais e contato visual. Frequentemente, são desenvolvidos mecanismos para mascarar essas dificuldades, o que pode resultar em cansaço emocional e ansiedade.
A previsibilidade é apontada como um aspecto importante para o bem-estar dessas pessoas. Rotinas estruturadas proporcionam sensação de segurança, enquanto mudanças inesperadas podem desencadear desconforto e estresse. Após interações sociais consideradas exaustivas, é comum que pessoas autistas busquem momentos de isolamento para recuperar energia.
Especialistas apontam que a conscientização sobre o autismo em adultos é essencial para diagnósticos mais precisos e para o desenvolvimento de estratégias de inclusão mais eficazes. A compreensão dessas particularidades pode contribuir para o aprimoramento do suporte oferecido e para a ampliação das oportunidades de desenvolvimento dessas pessoas.
