O neurocientista Alysson Muotri, professor da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), integrará uma missão à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) para estudar o transtorno do espectro do autismo (TEA) e o Alzheimer. A viagem está prevista para 2026, e o treinamento na Agência Espacial Americana (Nasa) terá início seis meses antes da decolagem. Muotri, conhecido por pesquisas com minicérebros desenvolvidos a partir de células-tronco, investiga como a microgravidade pode acelerar o envelhecimento celular e contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos para doenças neurológicas. No fim de março, ele estará no Brasil para apresentar detalhes da pesquisa no evento Rio TEAma 2025.
Em 2019, uma parceria entre a Universidade da Califórnia e a Nasa enviou minicérebros ao espaço, demonstrando que, em um mês na ISS, as células neuronais passaram por um envelhecimento equivalente a dez anos. Desde então, diversos experimentos foram conduzidos com organoides cerebrais. A nova missão permitirá que Muotri realize pesquisas mais aprofundadas sobre o impacto da microgravidade no neurodesenvolvimento e no envelhecimento cerebral. O estudo inclui a análise de compostos neuroativos extraídos da Floresta Amazônica, desenvolvidos em parceria com a Universidade Federal do Amazonas.
A pesquisa conta com a colaboração de cientistas de diversos países, incluindo Estados Unidos, Brasil, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Emirados Árabes e nações europeias. Além do envolvimento acadêmico, Muotri tem uma relação pessoal com o TEA, sendo pai de uma criança autista, o que influenciou sua trajetória científica. O estudo na ISS busca aprofundar o conhecimento sobre doenças neurológicas e desenvolver novos modelos de investigação, utilizando o envelhecimento celular em ambiente de microgravidade como alternativa aos testes em animais.