Flutuar sobre um recife de pedras na Praia de Camburi, em Vitória, é como espiar uma dimensão paralela.
A luz que atravessa a água cria feixes dançantes, enquanto os pequenos cardumes se dispersam e se reagrupam como nuvens vivas.
Nascido em Vitória, sempre imaginei que precisava viajar para viver esse tipo de aventura.
Naquele dia, estava acompanhado do amigo oceanógrafo Paulo Rodrigues, explorando a Baía das Tartarugas com snorkel, em busca de imagens que transmitissem a beleza e a importância desse ambiente.
A região já era especial para mim muito antes da criação da Área de Proteção Ambiental. Meu trabalho com fotografia sempre teve um objetivo claro: sensibilizar as pessoas para a conservação.
Desde então, tenho registrado a fauna marinha local para fortalecer essa causa, ajudando a contar histórias que resultaram no livro “Baía das Tartarugas: Riqueza marinha na capital do Espírito Santo”.
Foi nesse cenário que tive um encontro curioso que lembro até hoje. Entre as pedras, avistei um baiacu que me surpreendeu por seu comportamento.
O peixe que não tem pressa
Ao contrário de outras espécies que rapidamente desaparecem ao notar um mergulhador por perto, aquele baiacu permaneceu ali, me observando com olhos atentos, ou até curiosos.
Descobri depois que esse comportamento é comum para sua espécie. Diferente dos peixes que contam com velocidade ou camuflagem para escapar de predadores, o baiacu confia em sua estratégia única de defesa: inflar-se como uma bola espinhenta, tornando-se um alvo difícil de engolir.
Aproveitei esse raro momento de proximidade para fotografá-lo. De frente, sua boca parecia formar um sorriso sutil, um detalhe quase cômico da natureza.
Por alguns segundos, tive a sensação de que aquele pequeno peixe estava retribuindo minhas ações de conservação com um gesto simbólico.
Quem é o baiacu da Baía das Tartarugas?
O baiacu que encontrei é conhecido como Baiacu-de-espinho (Chilomycterus reticulatus). Essa espécie pode chegar a 70 cm de comprimento e é encontrada em diversos oceanos do mundo, sempre associada a recifes e fundos rochosos. Alimenta-se de crustáceos e moluscos, usando seu bico poderoso para quebrar conchas.
Na Baía das Tartarugas, o baiacu é um dos muitos habitantes que reforçam a importância da conservação desse ecossistema. Ele divide espaço com tartarugas, peixes coloridos, cavalos-marinhos e uma diversidade de vida marinha que merece ser protegida.
A Baía das Tartarugas abriga uma rica biodiversidade marinha, com peixes coloridos, baiacus, cavalos-marinhos e muito mais. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
A importância de olhar nos olhos da natureza
A imagem desse baiacu se tornou uma das minhas favoritas para campanhas ambientais sobre os ecossistemas marinhos.
Sempre que preciso representar a ideia de que a natureza “sorri de volta”, recorro a essa fotografia. Gosto de imaginar que, de alguma forma, ele compreendia minhas intenções naquele momento.
Esse encontro reforça algo que carrego comigo em cada mergulho e expedição fotográfica: a conservação começa pelo encantamento.
Quando uma pessoa se vê conectada à natureza, seja por um olhar curioso de um baiacu ou pela imensidão azul de um oceano, ela sorri… e sente o desejo de protegê-la.
E você, já sentiu a natureza sorrindo de volta para você?
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Te vejo na próxima aventura!