O curso de um rio carrega, além de água, histórias, memórias e a essência da vida de pessoas, animais e plantas às suas margens. Águas do Itapemirim, o primeiro longa-metragem do Instituto Últimos Refúgios, traduz essa conexão profunda entre o rio e as pessoas que têm suas vidas marcadas por ele.
Fazer parte da equipe de produção deste filme me marcou e, nesse processo, senti um chamado para entender como a relação entre humanos e natureza molda o presente e o futuro de uma das bacias hidrográficas mais importantes do Espírito Santo.
A jornada de um rio
Apresentamos ao longo de 90 minutos um documentário que conduz o espectador por uma viagem que vai das nascentes cristalinas do Caparaó às águas turvas que alcançam a foz do rio em Marataízes.
Do Caparaó a Marataízes: a transformação do Rio Itapemirim. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
Como diretor de fotografia, precisei manter o olhar atento e a câmera sempre a postos para registrar situações que estavam fora de minha zona de conforto.
Como fotógrafo de natureza, acostumado com a dinâmica dos animais silvestres, precisei mostrar também a realidade de pessoas que encontram nas margens do Itapemirim sua morada.
O rio e as histórias das pessoas que vivem em suas margens. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
Encontramos de comunidades que preservam suas tradições a pesquisadores que estudam os desafios ambientais que ameaçam a saúde do ecossistema. A história do rio se entrelaça às vozes de pessoas que dão forma a um relato sensível e impactante em forma de obra audiovisual.
Retratos de um passado e reflexões sobre o futuro
Inspirado por expedições científicas do passado e documentos históricos, Águas do Itapemirim resgata momentos cruciais da relação entre pessoas e o rio.
Mas não se trata apenas do que já aconteceu. O documentário também lança luz sobre os desafios atuais, ou melhor, de problemas que se agravaram com as décadas de mal uso.
Ele retrata a crise hídrica de 2015, as enchentes de Cachoeiro de Itapemirim (2020) e Mimoso do Sul (2024), a falta de matas ciliares, o assoreamento que altera toda a dinâmica hídrica e das consequências do crescimento urbano desordenado.
Ocupação desordenada e desmatamento ameaçam o Rio Itapemirim. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
A natureza, no entanto, resiste. O filme mostra a força da biodiversidade e a esperança que ainda existe, apontando a necessidade de esforços para a recuperação do ecossistema.
Mesmo com os desafios, a biodiversidade ainda resiste no Rio Itapemirim. | Foto: Leonardo Merçon/Instituto Últimos Refúgios
A arte de contar histórias através da imagem
Nossa equipe adotou uma postura de realizar um projeto por meio da escuta. Cada imagem foi guiada pelos depoimentos coletados ao longo da jornada.
Como todos os produtos culturais que realizamos, buscamos transmitir toda essa mensagem de forma artística. É a nossa forma de dar voz ao rio e à natureza.
Exibições gratuitas e acesso ao público
O documentário será exibido em sessões especiais e gratuitas, reforçando o compromisso do Instituto Últimos Refúgios com a educação ambiental e a democratização do acesso à cultura. As datas das exibições são:
- 15 de março – Cinemark Shopping Vitória (Sala 1) – 8h30
- 19 de março – Cine Metrópolis (Ufes) – 19h
- 22 de março – Reserva Águia Branca, Vargem Alta – 10h
*Os ingressos serão distribuídos por ordem de chegada. Os cinemas têm lugares limitados, portanto a entrada será liberada até a lotação máxima da sala.
Uma voz para o Itapemirim
Te convidamos a uma reflexão sobre como nossa sociedade lida com os rios. Precisamos cuidar melhor desses tesouros dos quais tanta gente depende e que são parte de nossa história.
Assistir ao documentário é embarcar em uma jornada visual e emocional para perceber a beleza e os desafios do Rio Itapemirim e, acima de tudo, reconhecer que é tempo para agir.
O projeto do documentário Águas do Itapemirim é uma realização do Instituto Últimos Refúgios, viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC) da Secretaria da Cultura (Secult), com patrocínio do Grupo Águia Branca, com apoio da Reserva Águia Branca, do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) e do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
Comente, compartilhe e ajude essa história a chegar mais longe. A conservação do Itapemirim depende de todos nós. Te vejo na próxima aventura!
