Quem é?

Cardeal demitido pelo papa Francisco por fraude quer votar no conclave

Becciu foi privado do cargo de  prefeito da Congregação das Causas dos Santos e dos "direitos ligados ao cardinalato"

O cardeal Angelo Becciu foi afastado de suas funções pelo Papa Francisco
Foto: ArchiMadrid/reprodução Acidigital

O cardeal Angelo Becciu, que foi afastado de suas funções pelo Papa Francisco, que morreu na madrugada de segunda-feira (21), quer o direito de poder participar do conclave que irá eleger um novo pontífice. O religioso foi acusado de fraude e corrupção.

Becciu foi privado do cargo de prefeito da Congregação das Causas dos Santos e dos “direitos ligados ao cardinalato”, em uma audiência realizada em 24 de setembro de 2020, por Francisco.

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Cardeal afastado perdeu funções na Cúria Romana

Ele manteve o título de cardeal, mas sem funções na Cúria Romana e sem o direito de participar do conclave.

Apesar disso, agora ele contesta sua penalidade e reivindica o direito de participar da eleição de um novo papa.

O Papa reconheceu minhas prerrogativas cardinalícias intactas, pois não houve uma vontade explícita de me excluir do conclave e nem uma solicitação de renúncia escrita da minha parte, afirmou o cardeal, em entrevista ao jornal italiano L’Unione Sarda.

A participação de Becciu será decidida pela congregação do cardeal. Becciu foi acusado de fraude e corrupção, por isso foi afastado de suas funções.

Escândalos

Becciu foi pivô de um escândalo envolvendo a compra de um imóvel de 200 milhões de euros em Londres, na Inglaterra, pela Santa Sé.

Além disso, houve outras acusações em relação ao uso de recursos da Santa Sé, o que garantiu uma condenação em primeira instância a 5 anos e 6 meses de prisão, que ainda cabe recurso.

Caso seja autorizada a participação de Becciu, o número de eleitores do conclave subiria de 135 para 136, e a Itália contaria com 18 votantes, maior volume entre todos os países envolvidos.

Quem é Giovanni Angelo Becciu

Giovanni Angelo Becciu nasceu em Pattada, Sassari, na Itália, em 2 de junho de 1948. Foi ordenado sacerdote em 27 de agosto de 1972. É formado em Direito Canônico.

Ele ingressou no serviço diplomático do Vaticano em 1º de maio de 1984, tendo servido nas Representações Pontifícias na República Centro-Africana, Sudão, Nova Zelândia, Libéria, Reino Unido, França e Estados Unidos.

Em 15 de outubro de 2001, o papa João Paulo II o nomeou núncio apostólico — espécie de embaixador do Vaticano — em Angola. Ao mesmo tempo, foi tornado arcebispo. Depois também exerceu o cargo de núncio apostólico em São Tomé e Príncipe e Cuba.

Giovanni Becciu foi ordenado bispo em 1º de dezembro de 2001. Em 10 de maio de 2011, o papa Bento XVI o nomeou substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, um dos cargos mais altos do Vaticano. Em 15 de junho do mesmo ano, foi nomeado consultor da Congregação para a Doutrina da Fé.

Em 26 de maio de 2018, já no pontificado de Francisco, foi nomeado prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, assumindo em 1° de setembro. Ele deixou o cargo na Secretaria de Estado em 29 de junho.

Becciu foi proclamado cardeal pelo papa Francisco no consistório de 28 de junho de 2018. Com os escândalos envolvendo o cardeal, o pontífice aceitou, em 24 de setembro de 2020, a renúncia ao cargo de Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e aos direitos relacionados ao Cardinalato.

*Com informações do portal Terra