Mundo

Hamas entrega a Israel corpos de mãe, criança e bebê da mesma família

Antes de entregá-los à Cruz Vermelha, em um palco, o grupo terrorista exibiu os caixões diante de uma multidão, em uma encenação que incluía provocações e slogans anti-Israel

Bandeira Israel
Foto: Divulgação/Pixabay

O Hamas entregou a Israel nesta quinta-feira (20), os restos mortais de quatro israelenses sequestrados durante o ataque de 7 de outubro de 2023, incluindo uma mulher e seus dois filhos pequenos, que se tornaram símbolo da crise dos reféns.

Antes de entregá-los à Cruz Vermelha, em um palco, o grupo terrorista exibiu os caixões diante de uma multidão, em uma encenação que incluía provocações e slogans anti-Israel.

LEIA TAMBÉM:

Calor faz trilhos derreterem e trem descarrilhar no Rio

Papa completa uma semana internado e tem melhora ligeira, diz Vaticano

Filhotes de ave silvestre rara nascem em reserva no ES; veja vídeo

A entrega teatral ocorreu perto da cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Os caixões foram colocados em frente a uma imagem do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu caricaturado como um vampiro, e os dizeres: “O assassino”.

Cada caixão tinha a foto da vítima. Quando foram levados, Shiri Bibas tinha 33 anos. Seus dois filhos, Ariel e Kfir, tinham 4 anos e 9 meses, respectivamente. O quarto corpo era de Oded Lifshitz, que tinha 83 anos ao ser sequestrado. A poucos metros de distância, um cartaz dizia que, se Israel voltasse à guerra, mais reféns retornariam em caixões.

A quilômetros dali, os israelenses assistiram à cena se desenrolar com horror e angústia, em contraste com a catarse evocada pelas recentes libertações de reféns que sobreviveram.

Os líderes israelenses prometeram derrotar o Hamas e levar para casa os cerca de 250 reféns que o grupo e seus aliados sequestraram. Mas alguns dos capturados agora estão voltando mortos.

Em nome de Israel, abaixo minha cabeça e peço perdão. Sinto muito por não protegê-los naquele dia terrível. Sinto muito por não levá-los para casa em segurança, disse o presidente israelense, Isaac Herzog.

Críticas

O Hamas diz que a família morreu em um bombardeio israelense em Gaza, ainda em outubro de 2023. Israel nega e nunca confirmou a morte dos três. Críticos dizem que Netanyahu tem parte da culpa, argumentando que ele continuou sua campanha militar, em vez de negociar um cessar-fogo que teria salvado vidas.

Além disso, apesar de mais de um ano de guerra, a exibição de força do Hamas na encenação demonstrou que o grupo ainda está no comando. Dezenas de homens armados – a maioria usando faixas verdes, símbolos do grupo – patrulhavam a área durante a transferência.

Volker Türk, alto comissário da ONU para os direitos humanos, chamou a exibição de “abominável e cruel”, que “vai contra o direito internacional”. Os canais israelenses não transmitiram a entrega. Na Praça dos Reféns de Tel-Aviv, onde muitos se reúnem para assistir às libertações ao vivo, um telão mostrou fotos e vídeos de Lifshitz e da família Bibas.

Foi a primeira vez desde o início do cessar-fogo entre Israel e o Hamas que aqueles que retornaram estavam mortos. Os corpos foram levados para um laboratório para identificação formal usando DNA.

Em troca dos corpos, Israel libertará um grupo de presos palestinos. O Hamas concordou em soltar outros seis reféns vivos neste sábado, 22, enquanto a primeira fase da trégua se aproxima do fim.

Comoção

As esperanças em Israel de que a família Bibas retornasse viva se dissiparam nas últimas semanas, quando Shiri não foi libertada com outras mulheres nos estágios iniciais do acordo. A consternação foi grande também na Argentina – país de origem da família.

Os quatro viviam a pouco mais de um quilômetro da fronteira de Gaza, no kibutz Nir Oz, uma das comunidades mais atingidas no ataque. Shiri estava escondida com seu marido, Yarden, e seus dois filhos em um abrigo em sua casa quando os terroristas chegaram.

Quando eles se aproximaram, Yarden deixou o abrigo para tentar protegê-los, mas acabou capturado. Em Gaza, ele foi mantido em um cativeiro separado de sua família e foi libertado em 1.º de fevereiro, já sob o acordo de cessar-fogo com o Hamas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.