A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa global de, no mínimo, 10% sobre produtos importados de 184 países, incluindo o Brasil, representa uma ameaça real aos princípios do livre comércio e à previsibilidade dos mercados internacionais.
Trata-se do maior pacote tarifário desde 1930, com repercussões relevantes para a economia global.
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Embora o Brasil esteja entre os países menos penalizados – especialmente em comparação com grandes exportadores como Índia e Vietnã –, a medida, que entrou em vigor no último sábado (5), exige atenção e, principalmente, uma análise sob uma perspectiva relativista.
Ou seja, é necessário considerar as especificidades de cada setor econômico ao avaliar os impactos e formular respostas.
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações do Espírito Santo. Qualquer mudança tarifária afeta diretamente cadeias estratégicas como as de ferro, aço, café, celulose e rochas ornamentais.
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) reforça a importância de manter um canal diplomático aberto com os EUA para mitigar possíveis danos. No caso do aço, por exemplo, a tarifa permanece ainda mais elevada, em 25%.
Por sua vez, o Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo destaca a urgência de fortalecer estratégias de diversificação dos mercados compradores.
Nesse contexto, ganha relevância o avanço do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que pode se tornar uma alternativa concreta diante do cenário de restrições nos Estados Unidos.
Há, contudo, uma leitura relativista que também merece atenção: embora pacotes tarifários sejam prejudiciais por princípio, a tarifa de 10% pode, em alguns casos, representar uma oportunidade.
Para o setor de rochas ornamentais, por exemplo – um dos mais importantes para o Espírito Santo –, o Brasil pode até obter vantagem competitiva, especialmente frente a concorrentes mais penalizados.
Em um mundo de transformações geopolíticas aceleradas, o Espírito Santo precisa estar preparado.
A lição é clara: é fundamental investir em inteligência de mercado, ampliar o diálogo institucional e diversificar parcerias internacionais. Só assim poderemos proteger a nossa economia de medidas unilaterais e imprevisíveis.