Editorial

Eleição na Ales: um cenário repleto de significados políticos

A eleição na Ales revela a capacidade de articulação de Casagrande para consolidar sua base e a antecipação da largada para a sucessão estadual

Thiago Soares/Folha Vitória
Thiago Soares/Folha Vitória

A recente definição para a presidência da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) marcou não apenas a recondução de Marcelo Santos ao comando da Casa, mas também expõe a habilidade política e a estratégia de longo prazo do governador Renato Casagrande.

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A interferência direta do governo no processo eleitoral legislativo revela dois aspectos importantes: a capacidade de articulação de Casagrande para consolidar sua base e a antecipação da largada para a sucessão estadual em 2026.

Eleição na Ales: novas forças para a base governista

Ao garantir a reeleição do deputado Marcelo Santos, o governo não apenas assegurou uma liderança legislativa alinhada, mas também conseguiu atrair novas forças políticas para a base governista, como o União Brasil, ao mesmo tempo em que reacomodou antigos aliados.

O projeto traçado é ter o vice-governador Ricardo Ferraço como o nome da situação para disputar o governo estadual, enquanto Casagrande concorreria a uma vaga no Senado.

Adversários ao projeto governista

No campo da oposição, por outro lado, ainda não há uma estratégia tão bem delineada.

Entre os possíveis adversários do projeto governista está o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, que tem se consolidado como uma liderança mais à direita no espectro político.

Pazolini, caso encabece uma chapa oposicionista, terá o desafio de enfrentar uma base governista fortalecida e articulada.

Independência entre os poderes

Importante ressaltar, para além do jogo político, que a interferência direta no processo legislativo, apesar de legítima e comum em todas as esferas de governo, levanta questionamentos sobre a independência entre os poderes.

Em um cenário ideal, a Assembleia Legislativa, assim como as câmaras municipais, deveriam atuar de forma autônoma, representando os interesses diversos da população capixaba sem a sombra de uma influência do Executivo tão explícita.

Dinâmica democrática

A centralização de poder em uma coalizão governista, embora eficaz para projetos políticos, pode enfraquecer a dinâmica democrática ao concentrar decisões em um único eixo.

O que se desenha, enfim, é um tabuleiro político já movimentado, no qual o governo de Renato Casagrande dá um passo à frente ao antecipar as articulações para 2026.