Chega! Já deu. Chega de discurso, chega de jogar para frente aquilo que já deveria ter sido feito.
De nada adianta falar em responsabilidade fiscal, se o governo federal não cortar despesas. É simples assim. O resto é conversa fiada.
A sustentabilidade do país não se mantém apenas com promessas de arrecadação ou com tentativas de elevar receitas; é preciso mostrar um controle efetivo sobre as despesas.
A falta de ações concretas tem aumentado a desconfiança e o mercado já não acredita que seja possível cumprir aquilo que o próprio governo definiu e chamou de arcabouço fiscal, ou seja, as despesas só poderiam aumentar no máximo 70% da variação da receita no ano anterior.
No entanto, o cenário é de endividamento crescente nas contas públicas, e qualquer demora em sinalizar compromissos reais com a responsabilidade fiscal intensifica o risco de instabilidade.
Não adianta uma série de bravatas contra o Banco Central, por exemplo. Sem cortes efetivos, a política monetária fica praticamente sem alternativas, forçando a manutenção de juros altos que freiam o consumo, o investimento e o crescimento econômico.
A consequência direta disso é a penalização das famílias e das empresas, especialmente as de pequeno e médio porte, que sofrem com o aumento do custo do crédito e o encolhimento do poder de compra.
A justificativa para gastos contínuos em áreas consideradas essenciais também não pode mais ser uma desculpa para a ineficiência.
Ao não controlar as despesas, o governo joga sobre o cidadão comum o ônus de uma política econômica desequilibrada e incapaz de sustentar seu próprio funcionamento.
Este momento exige que o governo federal enfrente questões duras e impopulares, mas absolutamente necessárias, com seriedade e responsabilidade, demonstrando aos investidores e à população que está disposto a fazer uma gestão mais eficiente dos recursos. O resto é balela.
A situação é grave, e não há espaço para adiamentos. E um detalhe importante: a revisão nas contas públicas deve ser algo constante, não apenas pontual.
Somente se o governo estiver comprometido com a redução dos gastos públicos e o equilíbrio das contas será possível dissipar a desconfiança, aliviar a pressão sobre os juros e pavimentar um caminho realista para o crescimento econômico.
O Brasil precisa de um projeto de Estado, e não apenas um projeto de poder.