Veículos capixabas de comunicação social apontam, a partir de pesquisas de opinião, para a real necessidade de expressivas melhorias nas áreas de segurança pública e saúde. Portanto, não consta no horizonte da agenda capixaba como ação prioritária de governo a construção de uma onerosa universidade estadual ou mesmo a oferta direta de vagas para a educação superior a ser feita pelo aumento do custeio da máquina administrativa estadual. Ademais, o governo estadual possui experiências exitosas nesse campo Nossa Bolsa e Bolsa Sedu. A meritocracia é base do critério de seleção dos bolsistas e pode-se dizer que milhares de estudantes já foram beneficiados.
Consta como princípio constitucional no artigo 37 da Carta Magna que a administração pública direta e indireta em nosso país deve buscar ser eficiente. Os capixabas ainda sofrem no presente ameaças de perdas fiscais e existe a real necessidade de se redobrarem esforços no campo da alocação eficiente de recursos públicos. Não é novidade que a rede estadual de ensino médio precisa de melhorias. Sabemos que existem inclusive dificuldades de recrutamento de qualificados profissionais para lecionar na respectiva rede por conta dos baixos salários e das difíceis condições de trabalho.
Penso que devemos aprender com as experiências do passado recente. No governo Lula (2003-2010), ocorreu o programa de expansão das instituições federais de ensino. Este programa não primou pela excelência do planejamento e tampouco pela eficiência na alocação de recursos públicos escassos. Para termos uma dimensão dessa questão, cito uma matéria publicada no Estadão (22/08/2011): Algumas das novas instituições têm altas taxas de ociosidade, o que mostra que sua criação não era necessária. Outras enfrentam dificuldades para encontrar professores com a qualificação necessária para compor o quadro docente. E há ainda aquelas que, por terem sido inauguradas às pressas, além de não disporem de laboratórios, bibliotecas e equipamentos de informática, apresentam altas taxas de evasão. Não há notícias de que essa situação tenha melhorado muito.
O Espírito Santo se integrou a esse processo de expansão das instituições federais de ensino e creio que não faria muito sentido no presente a preparação de uma universidade estadual a ser bancada com recursos fiscais capixabas. Concordo com a visão majoritária da sociedade capixaba de que existem outras prioridades para a ação coletiva, mas vejamos duas questões relativas aos desafios regionais no campo da educação. Por que não focar mais energias e recursos fiscais nas redes de educação básica? Não seria mais sensato apoiarmos a consolidação da expansão da Ufes e do Ifes?
Destaco o seguinte trecho da matéria citada do Estadão: A má qualidade do ensino fundamental e médio sempre foi um dos principais gargalos do sistema educacional, como mostram as avaliações promovidas regularmente pelas autoridades e, mais que estas, o desempenho vexatório dos estudantes brasileiros em testes internacionais de avaliação de conhecimento, sempre nas últimas colocações. A rede estadual de ensino médio precisa ser melhorada e convênios de cooperação com o Sistema S, por exemplo, podem muito bem integrar uma estratégia inteligente, eficiente e eficaz de ensino técnico integrado que suporte um processo de desenvolvimento socioeconômico regional capixaba. Lideranças políticas esclarecidas não podem faltar nesse processo.
Rodrigo Medeiros