Polícia

23 mil mulheres tiveram que pedir medida protetiva no Espírito Santo

De janeiro a setembro deste ano, cerca de 2.700 capixabas pediram ordens judiciais contra agressores. Lei Maria da Penha foi sancionada em 2006

23 mil mulheres tiveram que pedir medida protetiva no Espírito Santo
Kely possui medida protetiva contra o irmão desde 2012 Foto: TV Vitória

23 mil mulheres já tiveram que pedir socorro no Espírito Santo, desde que a Lei Maria da Penha foi sancionada, no final de 2006. Esse é o número de medidas protetivas dadas pela Justiça para manter agressores afastados das vítimas de violência doméstica. De janeiro a setembro deste ano, cerca de 2.700 capixabas pediram ordens judiciais contra agressores. 

No último final de semana, a promotora de vendas Kely dos Santos, de 33 anos, foi mais uma vítima da violência. Segundo ela, o agressor seria seu irmão mais novo, Ademar do Santos, de 31 anos. “As agressões são constantes. Eu não tenho a mesma força dele e termino apanhando”, desabafa. 

Segundo a vítima, desde 2012 existe uma medida protetiva contra o irmão, mas o homem não respeita a ordem judicial. “ Ele sempre foi violento. Em 2012 eu consegui uma medida contra ele. Mesmo com isso, ele não respeita e retorna para casa. Ele não respeita nada e ninguém”, afirma. 

De acordo com a juíza da 5° Vara Criminal de Vila Velha, Ilacéia Novaes, a primeira ação tomada pela Justiça é pedir o afastamento do agressor. “Nosso primeiro passo é afastar o algoz da vítima. Quando recebemos um pedido de medida protetiva, analisamos se a vítima mora com o agressor. Se sim, a primeira coisa é retirar o agressor do convívio”, explica. 

Segundo a magistrada, o arrependimento das vítimas atrapalha o trabalho da Justiça. “Cerca de 40% das mulheres atendidas retiram a queixa contra o agressor. Elas geralmente se retratam da denúncia”, conta. 

Vigília para denunciar violência
De janeiro a setembro deste ano, quase 2.700  mil capixabas  já tiveram que pedir medidas protetivas no Estado. Na última terça-feira (25) foi comemorado o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher. Cerca de 50 mulheres fizeram uma vigília com apresentações teatrais, manifestações pessoais e músicas.

Elas portavam cartazes lembrando que a violência acontece não apenas com a agressão, mas por meio do constrangimento, de danos sexuais ou psicológicos e da discriminação. Vila Velha é o município onde ocorre o maior número de pedidos de medidas protetivas: no primeiro semestre foram mais de 600 medidas protetivas e 135 prisões em flagrantes.