O secretário estadual de Direitos Humanos, Júlio César Pompeu, falou na manhã desta sexta-feira (10) sobre o movimento dos familiares de policias militares, que já dura sete dias.
“A cadeia de comando ‘quebrou’. As forças militares são baseadas em três valores: hierarquia, disciplina e honra. Os três valores foram postos abaixo, quando os policiais deixam a população a mercê do crime. Nós temos que reinventar a polícia, nós temos que recriar a polícia porque a atual acabou”.
Pompeu disse que a negociação é difícil e que o serviço de segurança é essencial. “É bom que todos entendam que é uma negociação difícil por uma série de circunstâncias. Nós estamos falando da Polícia Militar, que não pode fazer greve porque o serviço é essencial. Há muitos serviços públicos essenciais e o da segurança é tão essencial que a lei proíbe a greve. Mas mesmo nessa situação de greve, que gera a morte de gente, nós sentamos para conversar. O que elas pedem é o reajuste salarial e anistia. Acontece com as mulheres, o que acontece em grande parte dos movimentos sociais que temos no país, um movimento difuso e difícil de identificar a liderança”.
Assista a entrevista na íntegra:
Por volta de 1h da manhã desta sexta-feira (10), a reunião entre representantes do governo e de mulheres que representam o movimento de paralisação dos policiais militares terminou. A reunião foi finalizada ainda sem um acordo entre as partes, portanto, a paralisação de policiais militares continua no Espírito Santo.
A reunião durou quase 11 horas. As mulheres saíram do Palácio da Fonte Grande formando um cordão cantando o hino nacional. Para o secretário, a negociação com o grupo tem sido complicada. “A dinâmica da negociação é confusa. De um lado, quem são os nossos homens, os que fizeram o juramento de proteção à sociedade são os homens e mulheres de farda, não são elas. Temos as associações dos policiais de oficiais e soldados que parece que estava lá. As associações dizendo: ‘não sabemos se o que negociarmos aqui (associações que estão conscientes da gravidade do problema e defendem a volta dos policiais às ruas) será seguido pela tropa’ e do outro lado temos oficiais da polícia dando ordem à tropa dizendo: ‘comandados, vão às ruas’ e as tropas não obedecendo. Ou seja, temos uma quebra completa da cadeia hierárquica, tanto do comando direto da polícia quanto das suas representações políticas e quem entra na negociação são as esposas, que não são militares e nem servidores públicos, são de um movimento difuso e que ninguém diz que é liderança. É um solo muito difícil de pisar. Quando fizemos uma proposta, e demos um prazo de 6 horas, estamos nos dirigindo aos policiais militares”, disse Pompeu.