O pai do dono da casa onde uma adolescente de 14 anos teria sido mantida sob cárcere privado, para servir como moeda de troca para traficantes, lamentou o ocorrido e disse que a família já fez de tudo para que o filho abandonasse o mundo das drogas.
O idoso de 78 anos, que preferiu não se identificar, esteve, na manhã desta quinta-feira (15), na casa que o filho usava para usar drogas, na companhia de outros usuários. O imóvel fica na Rua Grande Vitória, em Jardim Marilândia, Vila Velha.
Em conversa com a equipe da TV Vitória/Record TV, o idoso disse que, apesar da idade avançada, ainda precisa se preocupar com o filho, que é dependente químico.
“A gente já tentou ajudar ele, internamos. Uma vez ele ficou dois meses, outra vez ficou só uns 15 dias, saiu de lá e voltou. Internamos novamente e, dessa vez, ele ficou seis meses [na reabilitação]. Voltou um menino bonito, bom, corado. Achamos que ele não teria mais problema com isso. Mas ficou no meio da turma aqui e voltou a ser o que era”, contou.
O idoso disse não saber mais o que fazer para ajudar o filho. “Infelizmente o que a gente pôde fazer a gente já fez e ainda tenta fazer. Para falar a verdade, não tem nem como dizer muita coisa”, lamentou.
Na quarta-feira (14), a Guarda Municipal de Vila Velha chegou até a casa do filho dele, depois de receber uma denúncia anônima de que uma menor era mantida em cárcere privado no local. A menina, de 14 anos, foi encontrada no local e resgatada.
A adolescente contou para os guardas que não podia sair da residência e que era explorada sexualmente, em troca de drogas para ela e para os frequentadores da casa. No local foram encontrados cachimbos, facas e um celular.
Quatro pessoas foram levadas para o Distrito Policial de Cobilândia, sendo que duas delas tinham passagem pela Justiça. Os conduzidos negaram que a menina era mantida em cárcere privado e relataram à polícia que ela era viciada em drogas e estava ali para fazer uso de entorpecentes.
Um dos suspeitos de manter a menina em cárcere privado é um ex-cozinheiro de 55 anos, pai de família, mas viciado em crack. Na delegacia, o aposentado parecia desnorteado e cansado, mas conversou com a equipe da TV Vitória/Record TV e se defendeu das acusações.
“Só eu pago o pato, em um lugar onde vai um monte de gente? E essa história de cárcere privado, porque eu iria prender um pessoa? O portão tem um cadeado sim, mas você mexe nele e sai o pino”, afirmou.
O homem disse que é usuário de drogas há dez anos e revela que sempre frequentou a casa. “O dono lá [da casa] eu conheço há muito tempo. E de vez em quando eu vou lá ainda, mas é só para usar droga mesmo”, garantiu.
O caso foi encaminhado para a Delegacia Regional de Vila Velha. Duas pessoas foram autuadas por cárcere privado, estupro e tráfico de drogas, e encaminhadas para um presídio. Outras duas foram liberadas. A Polícia Civil informou que a menor foi submetida a exames no Departamento Médico Legal (DML) e depois foi entregue a família.