Polícia

Adolescente foi assassinado após mentir para traficantes, diz polícia

Carlos Eduardo Claudino Lopes, de 15 anos, foi morto em outubro do ano passado. Partes do corpo dele foram espalhados pela Rodovia Leste-Oeste

Adolescente foi assassinado após mentir para traficantes, diz polícia

O adolescente Carlos Eduardo Claudino Lopes, de 15 anos, foi assassinado por causa de uma mentira que teria contado para os autores do crime. Essa é a conclusão da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Cariacica, que finalizou o inquérito nesta terça-feira (30). 

Segundo a polícia, Kadu, como era conhecido, nunca esteve envolvido com o tráfico de drogas. No entanto, em uma tentativa de parecer perigoso e ganhar respeito, ele teria contado uma história para supostos traficantes do bairro Vale Encantado, em Vila Velha.

“Ele, no afã da adolescência, teria dito que fazia parte de um grupo de tráfico ilícito no bairro Dom Bosco, conhecido como ‘Buraco do Sapo’. Só que um dos traficantes antigos desse bairro não gostou do Carlos Eduardo ter dito isso, então ele executou premeditadamente o Kadu”, frisou o delegado Franco Malini.

De acordo com as investigações, o suspeito armou uma emboscada para assassinar Carlos Eduardo. “O Kadu foi atraído para trabalhar no tráfico do local conhecido como ‘Boca do Viaduto’, no bairro Valparaíso. Nesse dia, ele foi chamado para pegar as drogas para vender e foi levado para um matagal. E nesse matagal ele foi cruelmente morto”, disse o delegado.

O crime

Carlos Eduardo foi morto com tiros e pauladas. O crime aconteceu no dia 15 de outubro do ano passado, um domingo, mas o corpo da vítima só foi encontrado dias depois. No dia do crime, o rapaz havia saído da casa da mãe para ir à casa do pai. No entanto, somente na segunda-feira seguinte, a mãe do adolescente, a assistente social Vilmara Claudino, se deu conta de que o filho havia desaparecido.

“Ele nunca ficou sem ligar, sem dar notícia, sem falar nada. Ele sempre ligava, mas nessa segunda-feira ele não tinha entrado em contato. Foi quando eu liguei para o pai e ele me falou: ‘não, ele não chegou. Ele não passou aqui’. Eu falei: ‘então tem alguma coisa errada'”, lembra.

Desesperada, a mãe procurou a Delegacia de Desaparecidos. No entanto, em menos de uma semana, as pistas mudaram o rumo da investigação e o caso foi encaminhado para a DCCV de Cariacica. Carlos Eduardo tinha sido assassinado e o corpo espalhado ao longo das obras da Rodovia Leste-Oeste, entre Cariacica e Vila Velha.

“O Kadu, após ser morto, foi jogado ácido em cima dele, com o objetivo do corpo entrar em decomposição mais rápido. Ocorre que os autores, dois dias após terem jogado o ácido, voltaram ao local e constataram que a parte de baixo do corpo da vítima ainda estaria intacta. Eles resolveram então levar essa parte e jogar no município de Vila Velha, no bairro Vale Encantado. Nós diligenciamos, achamos essa parte do corpo, pedimos o confronto genético das partes encontradas com o dos familiares, sendo positivo o resultado”, destacou o titular da DCCV de Cariacica, delegado Marcelo Cavalcanti.

Segundo Cavalcanti, o inquérito aponta três suspeitos de participação no assassinato: um adolescente de 17 anos e dois homens com passagens por tráfico de drogas. Um deles já está preso.

“Eles estão sendo indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Agora todos eles ficam à disposição da Justiça para que seja instaurada a ação penal”, frisou o titular da DCCV.