Polícia

Agentes usam funk para denunciar condições de unidades para menores infratores no ES

A música serviu de inspiração para os manifestantes. A paródia, criada por eles, critica a estrutura e ironiza o tratamento aos internos das unidades socioeducativas do Espírito Santo

Agentes usam funk para denunciar condições de unidades para menores infratores no ES
Rebeliões de menores são uma constante no Instituto de Atendimento Socioeducativo do Estado Foto: TV Vitória

Alguns agentes socioeducativos do Espírito Santo usaram as redes sociais para denunciar precariedade das unidades destinadas a menores, no Estado. O protesto virtual conta até com uma paródia, com ritmo de funk.

A música serviu de inspiração para os manifestantes. A paródia, criada por eles, critica a estrutura e ironiza o tratamento aos internos das unidades socioeducativas do Espírito Santo. O protesto foi parar nas redes sociais. Nas fotos, flagrantes que impressionam pelo poder paralelo dos adolescentes em conflito com a lei. Nas constantes rebeliões, fogo, destruição, ferramentas transformadas em armas, agentes socioeducativos nas mãos de internos.

Para o sindicalista Bruno Menelli, as cenas traduzem o temor de uma categoria. “Esse vídeo foi feito por alguns agentes socioeducativos e mostram um pouco da nossa realidade. A forma como nós tratamos os adolescentes, com respeito e zelo, e os adolescentes não respeitam a gente e tratam com ignorância e agressão. Nós esperamos que as autoridades tomem alguma atitude em relação à falta de respeito do adolescente com o servidor”, conta o presidente do sindicato da categoria, Bruno Menelli.

Menores colocam até fogo nas unidades socioeducativas do Espírito Santo Foto: Arquivo/TV Vitória

O medo é tanto que, ao sair de casa para trabalhar, o agente socioeducativo segue acompanhado da incerteza. “O agente vai trabalhar e não sabe se vai voltar para casa, não sabe se vai voltar sem um dente… É matar um leão por dia. Essa é a nossa realidade, o agente socioeducativo é refém do medo”, completa Menelli.

O protesto virtual ainda mostra internos parecendo ignorar o risco, na tentativa de fuga e termina com uma comparação da estrutura do centro. “As unidades socioeducativas são frágeis, os alojamentos são feitos de isopor. Os adolescentes quebram as camas, pegam o vergalhão para poder fazer de arma. As paredes são frágeis. As unidades não têm condições de abrigar tantos adolescentes como tem hoje. Se o Iases e o governo do Estado não tomar uma atitude nós vamos decretar greve geral do sistema”, conclui Menelli.

O Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), informou que está em pleno processo de avaliação e construção de estratégias mais eficazes que venham garantir mais efetividade e segurança de servidores e adolescentes.

Trechos da letra:

“Então desce bebê, não sobe bebê

“Se você pula o muro, o coordenado fica doido”

“Meus bebezinhos, assim eu trato eles, com am0or e carinho. É uma gracinha”

“É uma gracinha, é toda lindinha
Tem grade e serpentina, tem sim, é azul e amarelinha
Cadeinha de papel”

“Pode tentar sair daqui
Vai ter de seis a três para tentar fugir
Esse cantinho que você serrou
Alarga mais um pouco senão entala o rapaz”