Após cinco dias de julgamento de dois dos três acusados pelo Ministério Público Estadual (MPES) de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, o pai do magistrado usou as redes sociais para se manifestar sobre o caso.
Em um texto publicado no Facebook, Alexandre Martins de Castro comentou sobre a foto tirada e postada na internet pelo advogado Leonardo Gagno, que faz a defesa de Claudio Luiz Andrade Baptista (Calú).
“A imprensa séria está impedida de fotografar ou gravar. Mas a defesa faz postagens no Facebook, publicando fotos tiradas no plenário. Pode isso?”, indagou o pai do juiz.
Alexandre Martins também questionou os depoimentos das testemunhas. De acordo com ele, não existe novidade sobre o caso. “Sete envolvidos já foram julgados por homicídio encomendado. Sete julgamentos! Agora, mais uma vez, tentam os mandantes sustentar a tese de latrocínio, sete vezes alegada, sete vezes derrotada. Nada está sendo falado que já não tenha sido alegado e derrotado”, disse.
Na terça-feira (25), as testemunhas de defesa do coronel da reserva da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira, prestaram depoimento. O coronel da reserva Luiz Sérgio Aurich foi o primeiro a depor. Para o pai do juiz, o depoimento de Aurich não pode ter credibilidade.
“O Coronel Ferreira traz como testemunha um coronel que escreveu um livro e que foi condenado a pagar R$250.000 de indenização por danos morais. Outro coronel declarou de saída que só acreditava na tese de latrocínio, o que o descredencia, porque testemunha não opina: apenas depõe sobre fatos de que tem conhecimento. A terceira testemunha do Coronel Ferreira foi o ex-prefeito Neucimar Fraga, que na época estava em Brasília e que depôs sobre ‘o que ouviu dizer’, e que, só torna público anos após”, declarou.
Nesta sexta-feira (28) será a vez do advogado Antônio Franklin Cunha, última testemunha de defesa de Calú, presta depoimento. Inicialmente, Franklin foi contratado pelo pai do juiz Alexandre para atuar nos julgamentos de executores e intermediários, até que pediu para sair do caso e passou a defender a tese de latrocínio.
Para o pai da vítima, a participação do advogado não é ética. “E quanto a Calú? Suas duas primeiras testemunhas são os que foram condenados como réus confessos pelo assassinato do meu filho. E a condenação deles deu-se por crime de mando. A outra “testemunha” é um perito que foi desmascarado e desacreditado pelo MP. Sexta vai depor a última testemunha do Calu: o advogado que era meu assistente de acusação e que funcionou no julgamento do lumbrigão e do Giliardi, acusando-os de crime de mando. É ético, agora, ser testemunha de defesa?”, questionou.
Alexandre Martins termina o texto demonstrando esperança com o fim do julgamento. “Estou confiante. Repito: em sete julgamentos, a condenação foi por homicídio por mando! Não se pode alterar a verdade. Como dizem os cariocas, “FALA SÉRIO!” Mudar isso com essas testemunhas? Amigas e amigos, minha fé está inabalada: Deus é fiel!”, escreveu.
Saiba como será o 5° dia
O 5° dia de julgamento começou com o aguardado depoimento do advogado Antônio Franklin Cunha, a última defesa de Calu. Após a leitura das pecos e do depoimento dos réus será realizado o debate entre defesa e acusação. O debate pode durar até nove horas. Após o ato, o Conselho de Sentença se reúne e profere a sentença. A decisão final deve ser divulgada na madrugada de sábado (29)
Relembre o 4° dia do julgamento
O Júri Popular de dois dos três acusados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, em março de 2003, chegou ao quarto dia nesta quinta-feira (27).
O Conselho de Sentença ouviu as testemunhas de defesa de Calu. O delegado André Luiz Cunha Pereira prestou depoimento. Os trabalhos no Cineteatro da UVV começaram às 09 horas. Além do delegado, o perito Mauro Nadvorny prestou depoimento.
Das testemunhas de defesa, o depoimento mais aguardado é o de Antônio Franklin Cunha, advogado contratado por Alexandre Martins de Castro, pai do juiz, para atuar como assistente de acusação. No entanto, logo no início do processo, o advogado largou o caso e escreveu uma carta, anexada ao processo, afirmando que o crime era um latrocínio (assalto seguido de morte). Cunha faz parte das testemunhas de defesa de Cláudio Luiz Andrade Baptista.
Relembre o 3° dia
Os dois condenados como executores do juiz Alexandre Martins de Castro Filho foram as primeiras testemunhas de defesa do ex-policial civil e empresário Claudio Luiz Andrade Baptista, o Calú, a prestarem depoimento nesta quarta-feira (26), no terceiro dia do julgamento dos suspeitos de serem os mandantes do crime, ocorrido em 2003.
Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliarde Ferreira voltaram a afirmar que o assassinato do juiz foi latrocínio – roubo com morte. Ambos contaram que foram torturados por policiais para confessarem que o crime foi encomendado. Os dois, no entanto, depuseram na condição de informante, que tem um peso menor no processo.
2° dia é marcado pelo depoimento de delegado
Na manhã de terça-feira (25), foi ouvida a segunda testemunha de acusação arrolada pelo MPES, o delegado da Polícia Civil do Espírito Santo, Danilo Bahiense, que chefiava a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na época do assassinato do juiz.
O depoimento do delegado durou quase três horas. Danilo Bahiense, que hoje é superintendente de Polícia Técnico-científica da PCES, afirmou que ficou sabendo em casa da morte do juiz Alexandre. Ele afirmou que, desde antes do crime, já ouvia falar nos nomes de Ferreira e Calu relacionados a crimes de extorsão.
De acordo com o delegado, o depoimento foi tranquilo. Para ele, não resta dúvida de que o crime foi de mando. “Não tenho dúvidas. Não foi latrocínio, foi crime de mando mesmo. Durante o depoimento só respondi o que me perguntaram. Sei de outras coisas, mas só pude responder o que me perguntaram”, afirmou.
Início do julgamento
No primeiro dia do júri, o juiz Carlos Eduardo Lemos foi ouvido pelo Conselho de Sentença. Colega de trabalho de Alexandre Martins na Central de Inquéritos e na 5ª Vara Criminal de Vitória, Lemos foi arrolado como testemunha pelo MPES. No entanto, como já havia participado dos processos dos executores do crime, o juiz Marcelo Soares Cunha deferiu a participação de Carlos Eduardo na condição de informante.
O depoimento do magistrado começou por volta das 16h25 e se encerrou após as 21 horas. Ele prestou esclarecimentos ao presidente do Júri, aos advogados e aos promotores. Em seu testemunho, o magistrado relatou os fatos acontecidos na época do crime.
O crime
Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado na porta de uma academia de ginástica em Itapoã, Vila Velha, no dia 24 de março de 2003. Na época, ele comandava investigações contra o crime organizado no Espírito Santo. Os acusados de serem executores do crime – Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliard Ferreira de Souza – foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. Também foram condenados, como intermediadores do crime, os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; Fernandes de Oliveira Reis, o “Cabeção”; André Luiz Barbosa Tavares, o “Yoxito”; e Leandro Celestino dos Santos, o “Pardal”.
Durante todos esses anos, o processo se arrastou nos tribunais do Espírito Santo porque, além dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados de serem os mandantes do crime, nove juízes foram considerados impedidos de julgarem o caso. Eles alegaram ter algum tipo de relação com uma das partes – ou réu ou vítima – e, por esse motivo, o julgamento poderia ser considerado sem validade.
O outro apontado pela polícia como mandante do assassinato é o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, que ainda aguarda a tramitação de recursos junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).