A saída do suspeito Cristian Cunha, de 19 anos, da cadeia nesta terça-feira (27), deixou amigos e familiares da jovem Bárbara Richardele, de 18 anos, revoltados com a impunidade e a falta de Justiça.
Em entrevista ao apresentador Eduardo Santos, no programa ES no AR da TV Vitória/Rede Record desta quarta-feira (28), a mãe da jovem, Selma dos Santos, falou sobre a sensação de impunidade, após saber que o réu confesso da morte da filha havia sido liberado. ”Eu fiquei tão revoltada que é como se tivessem matado a minha filha de novo. Foi a segunda pior noticia da minha vida. A primeira foi saber o que esse assassino fez com ela e agora ele está solto. Ele ficou dois meses e 18 dias na cadeia e está solto. Isso prova que outros jovens podem fazer a mesma coisa e que a gente vive em uma país de impunidade. Aqui se faz, mas não se paga. Você mata e está solto. Agora só falta ele aparecer por aqui para comer um churrasquinho”, disse.
Selma ainda ressalta que está descrente com a Justiça brasileira, já que a polícia faz o papel de prender o criminoso, mas a Justiça solta mesmo tendo provas que comprovem a participação do individuo no crime.
De acordo com a mãe da vítima, a família não tem condições financeiras de contratar um advogado para lutar na Justiça e fazer com que o rapaz pague pelo que fez na cadeia, mas que ainda espera pela Justiça divina. “Agora a gente tem que esperar a Justiça divina, porque ao menos nessa eu ainda estou confiando. Nesse país que estamos vivendo não temos Justiça. Eu fico imaginando se esse juiz que assinou a soltura dele tem filho, porque amanhã pode acontecer com a filha dele. E vai fazer o quê? Nada, porque a gente vive em um país de impunidade”, destaca Selma.
Depois de pouco mais de dois meses do assassinato de Bárbara, a família ainda tem sofrido com a perda. Segundo Selma, a rotina mudou e os dias têm sido difíceis sem a presença da filha. “Só tristeza e revolta. Se eu não tivesse outros filhos para cuidar, diria que a minha vida acabou. Eu não tenho mais motivação para viver, a minha filha era a alegria da casa. Os meninos estão tristes, a gente mal conversa dentro de casa porque tudo nos lembra a Bárbara. Eu acordo de manhã e cadê a minha filha? Eu acordava para fazer o almoço para ela ir trabalhar. Eles saíam para ir para a escola no horário que ela estava acordando. A gente tomava café da manhã juntos e agora nem café mais eu faço, e esse assassino está solto. Ninguém tem mais ânimo. Meu filho andava de skate e já não faz mais isso, mal sai de dentro de casa, nem para a escola eles querem ir mais. Que país é esse que a gente vive? Eu estou com vergonha de dizer que sou brasileira”, disse.
Entenda o caso
O corpo de Bárbara Richardele, de 18 anos, foi encontrado no dia 18 de março por moradores que passavam pela Avenida Darly Santos, em Vila Velha. O ex-namorado da vítima Cristian Cunha, de 19 anos, confessou em depoimento ter matado a jovem.
Segundo a polícia, Cristian e Bárbara namoraram durante um ano e dois meses e terminaram 10 dias antes do carnaval. O motivo do crime seria o vazamento de fotos sensuais que a jovem mandou para o então namorado. O crime aconteceu na obra onde Cristian trabalhava, na Praia da Costa, em Vila Velha.
Após o crime, o rapaz resolveu ir ao outro lado da rua comprar um churrasquinho e um refrigerante, que comeu ao lado do corpo. A vítima ainda teria gemido dando sinais de vida e Cristian pegou uma escavadeira e deu vários golpes no rosto dela. Segundo a polícia, depois de cometer o crime, ele pegou o carro do pai, colocou um papelão no banco de trás e levou o corpo até a Rodovia Darly Santos, também em Vila Velha.