Polícia

Assassinatos de LGBTs cresceram 350% em um ano no Espírito Santo

Crimes de lesão corporal doloso e estupro contra a população também cresceram quase 90% durante o período, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública

Foto: Maxim Hopman / Unplash

O número de assassinatos de pessoas LGBTQIAPN+ no Espírito Santo aumentou exponencialmente no período de um ano. Em 2022 foram registrados 9 homicídios dolosos contra 2 no anterior.

Em todo o Brasil, o número caiu de 176 em 2021 para 163 no ano passado, colocando o Espírito Santo na direção oposta da maioria dos estados da União, ficando atrás em números de ocorrências apenas do Amazonas e seguido por Minas Gerais e Roraima, com aumento de 140 e 100%, respectivamente.

Além disso, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de lesões dolosas subiu de 105 em 2021 para 197 no passado, registrando um aumento de 87,5%. Já os estupros contra a população LGBTQIAPN+ inflaram de 7 para 19 no mesmo período.

De acordo com o documento, crimes desta natureza sofrem com um processo de subnotificação e invisibilização por parte da sociedade em geral e também do poder público. 

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“Seguimos com a altíssima subnotificação. Como de costume, o Estado demonstra-se não incapaz, porque possui capacidade administrativa e recursos humanos para tanto, mas desinteressado em endereçar e solucionar. Em função disso, permanece fundamental comparar os dados oficiais aos produzidos pela sociedade civil, nas figuras dos relatórios anuais”, relata o anuário. 

Ainda segundo o documento, esta população ainda sofre com a falta de acesso a direitos básicos de cidadania, o que colabora para que os crimes de violência continuem ascendendo através dos anos. 

Além disso, o anuário aponta que os problemas e desafios enfrentados pela população LGBT se estende a outras minorias, como negros, mulheres e indígenas. 

 “O governo federal promoveu discriminação no campo discursivo-simbólico ao mesmo tempo em que desfinanciou políticas e equipamentos públicos orientados ao enfrentamento às vulnerabilidades que acometem comunidades tradicionais, deficientes migrantes, mulheres, negros e LGBTQIA+”.

O documento relata também que são necessárias mudanças em como crimes do tipo são denunciados e apurados pelas forças de segurança, uma vez que, muitas vezes, a própria vítima necessita provar a gravidade da violência que sofreu.

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Mais ainda, existem casos de discriminação entre oficiais dos próprios órgãos de segurança, o que acaba, muitas vezes, por legitimar a violência contra essas minorias ou torná-la algo sem importância.

“Nos casos de atendimento a crimes de ódio e discriminação, implica negociar a gravidade do ocorrido com os operadores da segurança pública a cada etapa. Negociar a gravidade da violência que se sofreu a quem te atende”, informa o anuário.

“No cenário atual de extremização LGBTfóbica, anti-indígena, misógina e racista das polícias, significa por vezes, ter de convencer um policial de que se sofreu um crime que, aos olhos dele é legítimo, razoável”, finaliza. 

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