Os funcionários da unidade de saúde do bairro Grande Vitória, na Capital, suspenderam as atividades depois que uma assistente social foi agredida por um travesti. Eles reclamam da insegurança no ambiente de trabalho.
Segundo os funcionários, o paciente teria chegado a ameaçar a servidora por não ser apontado como do sexo feminino no Cartão do Sistema Único de Saúde (SUS). A colega da vítima, Mércia Macedo, conta como tudo aconteceu. “Ela queria que a identificação estivesse de uma forma que a gente não tem como mudar. Ela não aceitou isso, partiu para a ignorância, rasgou o documento e esfregou no rosto da funcionária, além de ameaçá-la de morte”, disse.
Ainda de acordo com Mércia, depois da agressão, a assistente social registrou o caso na delegacia, e foi embora. É o quinto servidor que, só neste ano, abandona a unidade por medo. “Teve um médico que foi ameaçado por uma paciente, um auxiliar administrativo já teve o carro todo riscado, uma auxiliar de laboratório também foi agredida e outra médica teve a sala invadida e também abandonou o serviço”, relata.
O ocorrido com a assistente social não foi o único registrado na unidade de saúde. A enfermeira Valeska Fernandes conta que já foi agredida duas vezes. “Eu já precisei entrar em luta corporal com a paciente para poder tirá-la de dentro do consultório, para poder me proteger e proteger uma criança, a mãe e uma funcionária. Eu quase fui agredida com uma bengala”, disse.
A saída dos servidores deixa os moradores sem atendimento na unidade de saúde e mobiliza a associação de moradores do bairro Grande Vitória. De acordo com o presidente da Associação de Moradores do bairro Grande Vitória, Ismael de Lima, os casos de agressão serão discutidos com os moradores. “Nós temos a proposta de uma moradora para a gente reunir a população, tanto aqui do bairro Grande Vitória, como a do bairro Estrelinha, Universitário e Inhanguetá, para conversarmos sobre essa agressão, que isso não deve ser feito, é um prejuízo muito grande para a sociedade”, afirma.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o atendimento foi interrompido apenas durante a manhã desta terça-feira (10), mas os servidores realizaram serviços de acolhimento e orientação aos usuários.
Ainda segundo a nota, uma reunião entre a Secretaria Municipal de Saúde, servidores e comunidade está marcada para esta quarta-feira (11), para discutir a importância de manter a tranquilidade no local.