A polícia investiga um auditor fiscal da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz). O servidor, de 69 anos, é suspeito de cobrar propina de empresários em Bom Jesus do Norte, no Sul do Espírito Santo.
O homem foi flagrado, na tarde desta quarta-feira (13), saindo de um estabelecimento comercial com mais de R$ 9 mil na mochila. De acordo com a polícia, parte do dinheiro é fruto de uma propina que o auditor teria acabado de receber.
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O investigado atua há mais de 20 anos na cidade e foi denunciado por um comerciante, na última segunda-feira (11).
O titular da Delegacia de Polícia de Bom Jesus do Norte, delegado Sandro Zanon, disse que o comerciante afirmou ter recebido um pedido de propina de R$ 5 mil para ter o funcionamento do estabelecimento liberado pela Receita Estadual.
“O comerciante veio até a Delegacia e registrou um Boletim de Ocorrência, relatando que o auditor apontou uma série de irregularidades no estabelecimento, que gerariam uma multa de mais de R$ 400 mil. Em seguida, disse ao comerciante que poderia resolver o problema, por R$ 5 mil”, explicou.
Os policiais realizaram uma campana e flagraram o suspeito saindo do estabelecimento. Ele foi abordado pelos policiais e levado para a delegacia. Na mochila do suspeito, os policiais encontraram R$ 5 mil, que teriam sido pagos pelo comerciante, e mais R$ 4.050 em dinheiro, que o investigado não soube explicar a origem.
Servidor confessou o crime para a polícia
Segundo a polícia, o auditor fiscal prestou depoimento e, inicialmente, tentou negar que havia pedido o pagamento ilícito. Ele, no entanto, mudou a versão e confessou que pediu propina para fazer “vista grossa”.
Após o depoimento, o dinheiro foi recuperado e o investigado liberado. De acordo com a polícia, neste caso, o crime de corrupção foi cometido na segunda-feira e não foi possível a autuação em flagrante.
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A polícia instaurou um inquérito policial e o servidor será indiciado, inicialmente, pelo crime de corrupção passiva, e outros crimes que possam ser identificados no decorrer das investigações. O celular dele foi apreendido e o delegado aguarda autorização judicial para realizar a extração de dados.
“Temos informações de que inúmeros comerciantes foram vítimas dessa prática, no entanto, apenas um veio até a delegacia e formalizou uma denúncia. Fomos procurados, até mesmo, por um secretário municipal, que relatou que empresários estão deixando o município, pois não suportam mais pagar as propinas. É imprescindível que essas vítimas venham à delegacia e registrem o Boletim de Ocorrência, para que a investigação fique ainda mais robusta. Se houver fotos, áudios, vídeos ou documentos que comprovem a prática, é importante que as vítimas também tragam esses materiais”, orientou o delegado.
O que diz a Sefaz?
A Secretaria de Estado da Fazenda informou que apoia a investigação que está sendo conduzida pela Polícia Civil e reiterou que está à disposição e prestará todas as informações que forem solicitadas para auxiliar as investigações.
A pasta destacou ainda que o resultado da investigação será encaminhado para a Corregedoria Geral do Estado para a instauração de sindicância e processo disciplinar. Caso sejam apontados indícios de responsabilidade, o servidor em questão poderá, inicialmente, ser afastado por 90 dias e até chegar a ser demitido após o processo de sindicância.