Polícia

Bernardo grita por socorro durante briga com madrasta. Ouça o áudio!

A delegada Caroline Bamberg Machado revelou que Bernardo Uglione Boldrini sofria ameaças e humilhações da madrasta e do pai, o médico Leandro Boldrini, dentro da casa da família

O menino foi assassinado em abril deste ano Foto: Reprodução/ Record

Um áudio divulgado durante a primeira audiência do caso Bernardo em Três Passos, no Rio Grande do Sul, chocou a população brasileira. Na conversa, o menino de onze anos, assassinado em abril, grita por socorro e discute com a madrasta Graciele Ugulini. 

Durante a discussão:
Graciele — Eu vou agredir mais, eu não fiz nada em ti.
Bernardo — Fez sim. Tu me bateu.
Graciele —  Tu não sabe do que eu sou capaz.
Bernardo — Tu me bateu.
Graciele — Tu não sabe.
Bernardo — Tu me bateu.
Graciele — Eu não tenho nada a perder, Bernardo. Tu não sabe do que eu sou capaz. Eu prefiro apodrecer na cadeia a viver nesta casa contigo incomodando. Tu não sabe do que eu sou capaz.
Bernardo — Queria que tu morresse. 
Graciele — Tu não sabe do que eu sou capaz. Vamos ver quem tem mais força. Aí nós vamos ver quem tem mais força.

A delegada Caroline Bamberg Machado revelou que Bernardo Uglione Boldrini sofria ameaças e humilhações da madrasta e do pai, o médico Leandro Boldrini, dentro da casa da família. As declarações da delegada foram feitas na terça-feira (26) em duas rápidas entrevistas, antes e depois dela prestar um depoimento de quatro horas e meia ao juiz Marcos Luis Agostini.

O depoimento da delegada, responsável pela investigação do caso e pela descoberta do corpo, no dia 14 de abril, foi o primeiro da série de 77 que o juiz vai tomar na fase de instrução do processo. 

O inquérito da Polícia Civil e a denúncia do Ministério Público acusaram Leandro de ser o mentor do crime, Graciele de ser executora do plano e a assistente social Edelvânia Wirganovicz e o motorista Evandro Wirganovicz de cumplicidade. Todos estão presos. O pai e a madrasta recorreram ao direito de não ir à audiência. Os irmãos Wirganovicz foram e ouviram vaias e palavrões de um grupo de dezenas de pessoas que faziam orações e pediam justiça diante do fórum.

A Justiça vai ouvir inicialmente as testemunhas que moram em Três Passos. Depois vai convocar as que residem em outras cidades. Ao todo, estão arroladas para prestar depoimento 25 testemunhas da acusação e 52 de defesa. Ao final serão tomados os depoimentos dos réus e colhidas as alegações finais das partes. O juiz decidirá então pela absolvição, condenação ou encaminhamento para o Tribunal do Júri. Não há data prevista para o final do processo.

Com informações do Estadão Conteúdo