O sonho de uma capixaba de ser modelo profissional precisou ser adiado após um golpe. A família de uma adolescente de 14 anos, que mora na Serra, afirma que foi enganada por uma suposta agência de modelos de São Paulo. O golpe no Espírito Santo aconteceu em 2014, quando a mãe da jovem viu um anúncio nas redes sociais.
“Foi através de uma mensagem que eu vi no Facebook dizendo que eles estariam em Vitória. Eu peguei o endereço do hotel, entrei em contato pelo telefone que eles colocaram e fui”, contou a mãe da adolescente.
A suposta agência apresentou para a mãe e filha três pacotes de books fotográficos. Por causa da situação financeira, a família optou pelo mais barato, de R$ 750, que incluía fotos impressas e em um DVD, além de indicação para trabalhos. “Eles me deram só um CD e prometerem entrar em contato para marcar de ir na agência deles lá em São Paulo para ela fazer uns cursos e eles passarem uns trabalhos”, disse a mãe.
Depois da produção toda pronta, a família não conseguiu mais contato com a agência. A empresa desapareceu, sumiu com o site e com as páginas nas redes sociais. “Eles sumiram. Depois eu andei ligando para os números deles e dava como inexistente, não atendiam e nunca consegui falar com mais ninguém”.
O grupo preso na Paraíba é de São Paulo. Os primeiros suspeitos foram presos em flagrante num hotel em João Pessoa, onde apresentavam a proposta fraudulenta. Outras quatro pessoas do mesmo grupo iriam chegar no aeroporto dias depois e foram presas em flagrante no momento do desembarque. A polícia chegou até os criminosos através de denúncias anônimas.
Depois da prisão da quadrilha a menina começou a entender as conversas do fotógrafo no dia da sessão. “Ele me chamou para ficar junto com ele na sala e eu fiquei sozinha. A gente ficou conversando e ele fez perguntas sem necessidade de coisas pessoais. Eu não respondi, pois achei falta de respeito e até saí da sala. Eu quero muito ser lembrada no mundo como uma pessoa que lutou pelo sonho. Eu acho que se eu quiser mesmo eu posso”, disse a jovem.
A família conseguiu contato com o fotografo através de uma rede social. Numa conversa, a mãe da garota pergunta sobre a agência e a prisão dos integrantes. O fotógrafo afirma ter conhecimento do problema, mas disse que não faz mais parte da agencia e que agora mora em outro país. “Eu fiquei com medo, pois foi um risco que a minha filha correu”, destacou a mãe.
A responsável pela Delegacia de Defraudações de Vitória alertou que, antes de contratar algum serviço, a pessoa deve pesquisar sobre a empresa. “Quando você vai pagar alguma taxa é necessário buscar informação, independente de que ramo seja. Em qualquer buscador é possível fazer isso, não precisa ser o sistema da polícia. Se for um golpe, haverá muitos exemplos na internet”, explicou a delegada Rhaiana Bremenkamp.
A Polícia Civil capixaba também vai investigar o caso e tentar descobrir se existe alguém no Estado envolvido com a quadrilha presa. A delegada ressaltou que nesses casos quem fica no prejuízo são as vítimas. “Dificilmente esse valor é devolvido. Normalmente eles não tem bens nos nomes. Mesmo que vá para a Justiça a gente não consegue localizar bens, dinheiro em conta para devolver a vítima”, afirmou.