Comprar carro usado pela web se transformou numa alternativa frequente durante a pandemia. Apesar da comodidade e conveniência, com as vendas vieram também a ação de golpistas que, no ambiente digital, conseguem vender até carro que não existe.
A Polícia Civil do Espírito Santo não possui dados específicos sobre este tipo de golpe relacionados à compra e venda de veículos. Mas, de janeiro a setembro deste ano já foram registradas 7.507 ocorrências envolvendo fraudes e estelionato em ambiente web. No ano passado, foram 13.745 no mesmo período.
Aqueles preços mais em conta, diferentes possibilidades e documentação mais barata podem esconder armadilhas que causam dores de cabeça.
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O especialista no mercado de carros usados e CCO da empresa Carzen, que faz consulta veicular, Gustavo Milsztayn, alerta para vários tipos de fraudes.
Entre eles, há um mais recente e envolve locadoras de veículos. O criminoso vai até uma empresa e aluga um automóvel. Cria um documento falso para este carro e anuncia a venda na web. O automóvel na internet não está à venda. Ele também elencou outros tipos de golpe. Confira abaixo:
Carro prisioneiro
Nessa modalidade, o comprador recebe ofertas de preços bem baixos e formas de pagamento atrativas. O vendedor teria acesso a automóveis que só poderiam ser comercializados em leilões, e apresenta documentos que comprovariam o fato. “Na realidade, o veículo está realmente apreendido e os documentos são falsos”, explica.
Carro fantasma
Segundo Milsztayn, esse crime acontece com mais frequência do que se imagina. O carro é anunciado com condições muito vantajosas. O comprador é informado que o veículo está em outro Estado. Nos próximos contatos, o vendedor diz que está prestes a aceitar uma outra proposta. Para não perder a oportunidade, a vítima repassa uma entrada ou o dinheiro – mas nunca vê o carro.
Consórcio contemplado
Os criminosos vendem uma contemplação de automóvel em consórcio. Com documentos falsos, enganam o comprador sobre a oportunidade única de compra do veículo.
Carro NP
NP significa “não pago”. O golpista vende o carro omitindo a informação de que faltam parcelas para quitação do mesmo. “Depois que os documentos são transferidos, o motorista percebe que adquiriu um veículo e uma dívida”, esclarece Milsztayn.
Consumidor deve desconfiar de preços baixos demais
Com tantos tipos de golpe e suas particularidades, é necessário redobrar a atenção antes de realizar o pagamento do automóvel. De acordo com o especialista, há maneiras muito seguras de fechar o negócio sem dor de cabeça.
“O primeiro passo é ter calma – não fazer a transação por impulso, nem mesmo quando a oportunidade parece muito boa. Aliás, quando está muito fácil, é vital desconfiar”, orienta Milsztayn.
Nesse contexto, o comprador pode pesquisar o preço da Tabela Fipe e a desvalorização de mercado, para ver se o valor anunciado faz algum sentido. A tabela exibe os preços médios de veículos anunciados pelos vendedores em mercado nacional.
Em segundo lugar, o motorista deve buscar uma fonte de dados segura e completa. “Investigar o histórico do carro, checar informações como histórico em leilão, duplicidade de motor, decodificador de chassi e indícios de sinistro”, defende.
Caso o veículo esteja na região, o interessado pode pedir uma vistoria de confiança, em uma oficina conhecida ou empresas especializadas. “Quando tudo estiver explicitado, aí, sim, é hora de realizar o pagamento e aproveitar a nova aquisição.
Polícia orienta que se registre os casos nas delegacias ou por meio da internet
A Polícia Civil informa que investiga todos os casos formalizados nas delegacias, e orienta que as vítimas desse tipo de golpe registrem a ocorrência em qualquer delegacia, ou por meio da Delegacia Online.
Elas devem estar munidas de todo material que comprove o crime e que auxilie a polícia no trabalho de investigação. A PC lembra que a população pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181. Também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.
Após ver um anúncio de um consórcio na internet, um técnico autônomo de instalação de gás domiciliar, morador da Serra, que preferiu não se identificar, viu uma boa oportunidade para conquistar seu primeiro carro.
Depois de conversar com o responsável pela divulgação na web, ele foi até a loja revendedora, conheceu e inspecionou o veículo.
“Como eu vi o carro, adiantei R$ 8 mil e dividi o restante em parcelas de R$ 600. Depois do pagamento, começaram os enrolos com promessa de entregar o carro em uma semana. Mas isso não aconteceu. Cansado da situação, procurei uma advogada já desconfiado de que se tratava de um golpe. Pesquisei na internet e vi que já havia várias reclamações. Até hoje estou sem o carro”, contou a vítima. Ele registrou boletim de ocorrência.
