Na madrugada do dia 04 de março, Jane Cherubim foi brutalmente espancada pelo namorado, Jonas do Amaral Neto, no interior de Dores do Rio Preto, na região do Caparaó. Nesta segunda-feira (11), a vítima deixou o hospital após uma semana de internação.
A violência aconteceu próximo a data que comemorar o Dia Internacional da Mulher e virou um motivo de luta e alerta.
Relembre o caso
05 de março: Jane Cherubim, 36 anos, é agredida e abandonada na rodovi, pelo namorado Jonas do Amaral Neto.
O caso aconteceu em uma comunidade conhecida como Forquilha do Rio, que fica entre Dores do Rio Preto e o município de Espera Feliz, em Minas Gerais. O casal estava em um bar e foram embora discutindo. Após as agressões, Jane foi localizada por dois irmãos que afirmaram que acreditaram que ela estava morta. Jane foi socorrida e levada para um hospital de Carangola, em Minas Gerais. Jonas fugiu.
A mulher foi encontrada com várias marcas de agressão pelo corpo, além de sinais de tortura. O advogado disse que Jane teria sido estuprada. Ela estava seminua, desacordada e não respirava bem
06 de março: vídeo mostra a vítima saindo de bar com namorado minutos antes de ser violentada e torturada.
Uma câmera de videomonitoramento registrou, às 2h58, o momento exato em que a vendedora e o namorado deixaram o bar onde os dois trabalhavam pouco antes do crime, na localidade de Forquilha do Rio. O casal estava acompanhado da família que seguiu para Espera Feliz, Minas Gerais, onde moram, mas Jonas e Jane tomaram o caminho contrário. Horas depois, o casal ainda não tinha chegado em casa e a família começou a ficar preocupada.
Horas mais tarde, Jonas chegou a atender a ligação do irmã de Jane dizendo que estava indo embora a pé para casa. Em seguida, ele também manteve contato, por telefone, com o pai de Jane e mandou uma mensagem em áudio para a mãe da namorada. Ouça:
Neste mesmo dia, a polícia começou as buscas para localizar Jonas que está foragido. A delegacia de Dores do Rio Preto, na região do Caparaó, pediu à Justiça o mandado de prisão contra o namorado de Jane Cherobin da Silva, sob a suspeita de cometer o crime.
07 de março: Jane acordou após ficar três dias sedada.
De acordo com advogado da família, Bruno Gaspar, Jane apresentou melhoras, mas a situação era ainda pior do que se esperava. “Os familiares me disseram que Jane está apavorada. Que ela acordou muito assustada e teme o tempo todo. Ela tem medo que o namorado apareça no hospital e tente algo contra ela”, explicou. A família solicitou uma medida protetiva para manter Jonas longe.
Após o pequeno avanço no estado de saúde da vítima, a mãe dela, Maria Cherobim, conversou com exclusividade, com a reportagem da TV Vitória. De acordo com a mãe, Jane queria terminar o relacionamento e o suspeito não aceitava. “Ela não queria ele. Ela estava tentando sair dele, mas ele não estava aceitando. E o que ele foi fazer né? Porque não aceitou a separação. Ela falava: mãe, estou tentando sair dele, mas não estou conseguindo”, relatou.
Maria relatou o momento em que Jane conseguiu abrir os olhos e ficou feliz por perceber que ainda enxergava normalmente, mas se lamentou ao perceber as marcas das agressões. “Quando ela olhou no espelho ela falou: ‘mãe, o que ele fez comigo?’. Aí foi difícil. Eu abracei ela, levei ela pro quarto. Ela chorou muito e eu fui confortando ela: ‘minha filha, não pode chorar por causa disso, porque Deus te devolveu a vida”, lembrou.
Ainda durante a conversa exclusiva, a mãe da vítima compartilhou a revolta com a situação e o desejo de ver o agressor preso. “Diz ela que só lembra dele dando um soco e ela cair. E ela não viu mais nada. Ele bateu muito. Ele foi muito covarde, Deus me livre. Mas ele vai pagar. Eu só quero ver ele na cadeia. Estou ansiosa para vê-lo na cadeia pagando o que fez com minha filha”, afirmou.
08 de março: após ser agredida próximo a data do Dia Internacional da Mulher, Jane que ainda estava internada, se recuperando no hospital, mandou uma mensagem para as mulheres a alertou para que elas “não confiem totalmente em seus companheiros”.
O recado veio através de Salvador Cherobim, irmão de Jane. Ele disse que ela está acordada, consciente e deu detalhes sobre a agressão. A equipe médica afirmou que a vítima já havia melhorado 80% e ela conseguiu relatar algumas coisas que lembrava durante as agressões.
Segundo Jane, Jonas já teria começado a ameaçá-la quando ela entrou no carro dele, na saída da choperia em que ambos trabalham. Durante o trajeto, o suspeito falava a todo momento sobre uma foto, que ela teria se recusado a tirar com ele, além de ameaçar a todo momento de jogar o carro de uma ribanceira. A vítima afirma que as agressões começaram ainda no carro e que acredita ter desmaiado durante a violência.
De acordo com Salvador, irmã da vítima, ela ainda relatou que a família não sabia, mas ela já sofria muito com o ciúmes de Jonas. O casal havia conversado sobre isso e ela teria dado um prazo de dois meses para que ele mudasse o comportamento, caso contrário, o relacionamento acabaria.
Ainda neste dia, o caso teve uma reviravolta. A família de Jonas do Amaral Neto que até este momento dizia não saber do paradeiro do agressor, foi surpreendida pelo pedido realizado pela polícia local, para a prisão do pai e do irmão do suspeito. De acordo com o delegado Ricarte Teixeira, da Delegacia Regional de Alegre, responsável pela investigação do caso, Juscelino Humberto do Amaral, pai de Jonas Guimarães do Amaral Neto, e um outro filho dele, também chamado Juscelino Amaral, alteraram a cena do crime e ajudaram o suspeito a fugir.
No dia anterior (07), Maria Célia do Amaral, tia de Jonas, afirmou que a família também estava chocada com o caso e que ninguém estaria escondendo o suspeito. Maria Célia ainda disse que o último contato com a família teria acontecido na madrugada do dia 4, data do crime. O suspeito mandou um áudio para o pai, por meio de um aplicativo de mensagens, onde ele teria dito que fez “uma coisa muito errada”.
Segundo o delegado, o motivo principal para o pedido da prisão do pai e do irmão de Jonas é a fraude processual, porque ele retirou o veículo do local do crime, o que pode atrapalhar as investigações e isso é um crime previsto no código penal, com uma pena que pode chegar a 6 anos.
11 de março: Jane Cherubim deixa hospital após quase uma semana internada.
De acordo com informações de um funcionário, ela deixou o hospital na tarde de domingo (10) acompanhada de familiares. Não se sabe o estado de saúde atual da vítima. Uma força tarefa de policias de Minas Gerais e do Espírito Santo continuam as buscas por pelo suspeito de agredi-lá. Há um mandado de prisão por tentativa de feminicídio contra Jonas que ainda é considerado foragido.