O recurso de apelação proposto pela defesa do empresário Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg, no caso da morte da ex-namorada Gabriela Chermont, foi julgado nesta quarta-feira (13).
Apesar da tentativa de enquadrar a situação como suicídio, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) manteve a condenação do réu sob o entendimento anterior da prática de homicídio. No entanto, Luiz Cláudio permanece em liberdade, aguardando o trânsito em julgado do processo, ou seja, o fim de todos os recursos.
Com exclusividade à reportagem do Folha Vitória, a assistência à acusação, feita pelo advogado Cristiano Medina, afirmou que a votação dos desembargadores foi unânime, o que significa afirmar que foi mantida a pena de 23 anos e 3 meses de reclusão já determinada pela justiça em novembro de 2020.
“Felizmente prevaleceu a nossa tese. Tive a oportunidade de demonstrar aos desembargadores as lesões de defesa da vítima, além de apresentar novamente as provas, bem como de reiterar que Gabriela não tinha perfil suicida. Também pedi a prisão dele na sustentação oral feita hoje (13). Mas o Ministério Público em 2ª instância não fez este pedido e, por isso, o magistrado não decretou a reclusão nesse momento”, disse o jurista.
Sobre os próximos passos, Medina afirma que irá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal, ambos em Brasília, para pedir a prisão imediata.
O outro lado
A defesa do empresário também foi procurada pela reportagem, na pessoa do advogado Sandro Câmara. Ele afirmou que prefere não comentar sobre.
Relembre o caso
Gabriela morreu após cair do décimo segundo andar do Apart Hotel La Residence, um hotel na Mata da Praia, em Vitória, na madrugada de 21 de setembro de 1996. O ex-namorado da jovem, Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg, foi acusado pelo crime de homicídio.
A defesa do empresário, no entanto, alega que a vítima cometeu suicídio. Segundo o processo, a jovem e o empresário, Luiz Claudio, teriam rompido o relacionamento e, por indicação de colegas de faculdade, ela teria passado a conhecer um outro rapaz.
Em uma das situações em que teriam saído juntos, para um bar na Praia da Costa, amigos do ex-namorado teriam visto e contado para ele. Nesta situação, o denunciado pelo crime teria passado a fazer ligações telefônicas para Gabriela, até que teriam combinado um encontro na noite de 20 de setembro de 1996.
Testemunhas nos autos do processo relatam que o ex-casal se dirigiu a um bar em Jardim da Penha e que depois foram ao Apart Hotel, onde ficaram hospedados no apartamento de número 1.204.
Luiz Claudio, a partir daí, afirma que os dois mantiveram relações sexuais, enquanto a defesa da família da vítima alega que não e que, em vez disso, teriam ocorrido agressões, causando inclusive dentes quebrados e escoriações na lombar de Gabriela, desencadeando, por fim, no arrastamento e projeção da vítima pela sacada.
Um exame toxicológico realizado na época identificou que o comerciante teria feito uso de cocaína, ao contrário da alegação dele, no sentido de ter tomado apenas cerveja.
Após 24 anos desde a morte da jovem, o julgamento do acusado de homicídio chegou ao fim no dia 12 de novembro de 2020, condenando o réu e ex-namorado de Gabriela Chermont a 23 anos e 3 meses de prisão.
O júri popular, que havia sido adiado 9 vezes, teve a duração de três dias e Luiz Claudio já saiu preso do Fórum Criminal de Vitória. No entanto, desde agosto de 2021, ele está em liberdade.
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