Polícia

Caso Milena: defesa de Hilário alega que interceptações telefônicas foram ilícitas

A defesa pediu nas alegações finais para que as interceptações telefônicas fossem retiradas do processo

Caso Milena: defesa de Hilário alega que interceptações telefônicas foram ilícitas
Dionathas (esquerda) e Hilário (direita) / Foto: Reprodução 

A defesa de Hilário Antonio Fiorot Frasson, acusado de ser um dos mandantes da morte da médica Milena Gottardi, entregou as alegações finais do caso. De acordo com o advogado Leonardo Gagno, responsável pela defesa do acusado, as alegações foram entregues na última sexta-feira (29). Ele explicou que foi feita uma defesa técnica e provas ilícitas foram encontradas.

“Fomos para o campo das provas e identificamos que há provas ilícitas nos laudos, inclusive interceptações telefônicas não fundamentadas. Pedimos que essas provas ilícitas sejam retiradas. Fizemos análise das provas, principalmente da confissão do Dionathas [Alves Vieira]. Mostramos que ele deu dois depoimentos e não envolveu o Hilário, já no terceiro depoimento, em juízo, ele acusa Hilário”, disse o advogado.

Segundo ele, foi feito um paralelo de qual palavra teria mais valor. “O que vale mais: a palavra dele, que é um criminoso profissional, era pistoleiro, assaltante profissional e era investigado por outros crimes, ou a palavra do Hilário, até então era homem de bem, que já trabalhou poder judiciário?”, destacou o advogado. 

Já a defesa de Dionathas, acusado de ter efetuado os disparos contra a médica, feita pelo advogado Leonardo Rocha, vai entregar as alegações finais nesta quinta-feira (5). De acordo com Rocha, o crime cometido pelo acusado não se enquadra na qualificadora de feminicídio. Isso, segundo ele,se encaixa para o mandante do crime.

A médica foi assassinada em setembro de 2017. / Foto: Reprodução

“A defesa entende que as duas qualificadoras requeridas pelo Ministério Público nas alegações finais não devem ser acolhidas pelo juiz, pois não foi demonstrado que houve ali um motivo que tenham impossibilitado a defesa das vítimas pela surpresa e também não foi demonstrado que ele tenha de alguma forma cometido o crime pela qualificadora do feminicídio, por ser uma qualificadora subjetiva e só diz respeito a quem foi o mandante, que segundo a acusação, foi Hilário”, informou o advogado.

Rocha também defende Bruno Rodrigues, apontado como facilitador do crime por ter emprestado a moto usada por Dionathas. Segundo ele, não há provas contra o acusado. “Com relação ao Bruno, não há nenhuma prova direta ou indireta de que ele teria ciência de que a moto cedida seria usada no crime, portanto, ele não pode ser responsabilizado por algo que não participou. Nas alegações estamos pedindo que ele seja impronunciado”, disse.

Os dois advogados acreditam que os acusados serão pronunciados pela Justiça e devem ir a júri popular. Rocha acredita que Bruno é o único que não será pronunciado. “Não tenho dúvida de que todos serão pronunciados, menos o Bruno, e que os outros cinco vão a júri popular”, afirmou.

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Já Gagno disse que Hilário não deveria ser pronunciado, mas acredita que será e afirma que tudo será discutido no tribunal. “Na nossa opinião, vão pronunciar todos e todo mundo irá para o júri popular. Agora vamos aguardar a decisão do magistrado, que deve sair nos próximos dias”, destacou. 

Acusação

As alegações finais da assistência de acusação do caso da médica Milena Gottardi foram protocoladas no dia 8 de junho pelo advogado da família, Renan Sales. Na ocasião, ele pediu ao juiz que pronuncie os réus, encaminhando-os ao julgamento pelo Tribunal Popular do Júri de Vitória. “O julgamento desses indivíduos pelo Júri Popular é medida que se impõe. Há farta prova nos autos que autorizam esse encaminhamento. A família, a comunidade médica e sociedade aguarda esse momento”, disse.

O crime

A médica foi baleada no Hospital das Clínicas, em Vitória, no dia 14 de setembro do ano passado. Um dos tiros atingiu a cabeça dela. Ela chegou a ser internada, mas morreu horas depois no hospital. Hilário e o pai dele, Esperidião Frasson, são acusados de encomendar o crime. Para isso, eles teriam contado com a ajuda dos intermediários Hermenegildo Palauro Filho e Valcir Dias. O cunhado de Dionathas, Bruno Rodrigues, teria cedido a moto usada pelo executor no crime.