A defesa do policial civil Hilário Frasson, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da médica e ex-esposa Milena Gottardi, ingressou com um pedido de revogação da prisão preventiva do réu. O pedido foi ajuizado no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) nesta quarta-feira (02) pelo advogado de defesa, Leonardo Gagno.
“Após oito meses de prisão, acreditamos que não há mais motivos para manter o réu preso. A instrução criminal está 98% pronta. Todas as provas foram produzidas em segurança, de forma pacífica. Não há evidências, nem fatos de que Hilário tenha tentado obstruir a Justiça, muito menos destruindo provas. Por isso, pleiteamos a liberdade dele”, enfatizou Gagno.
De acordo com o advogado de defesa, o pedido deverá ser analisado pelo juiz Marcos Pereira Sanches, responsável pelo julgamento do caso, em até 15 dias. “Não há um prazo legal. Ontem [quarta-feira], o pedido seria encaminhado ao Ministério Público para que o órgão se manifestasse sobre a viabilidade do pedido. Posteriormente, deverá ser analisado pelo magistrado”, disse.
Por nota, o advogado da família e assistente de acusação, Renan Sales, informou que “até o presente momento, não foi intimado do pedido da defesa, o que, provavelmente, ocorrerá nos próximos dias, ocasião em que, de forma absolutamente fundamentada, lançará nos autos devida manifestação”.
Adiantou ainda que a acusação é “contra a liberdade dos acusados desse crime bárbaro, inclusive, portanto, do réu Hilário. Há nos autos fortes indicativos que referido acusado tentou destruir provas. Ademais, o perigo concreto das condutas criminosas em exame, derivado do próprio modus operandi utilizado para o homicídio em apreço, justifica a medida segregatória, a fim de garantir a ordem pública. A sociedade não merece e não pode conviver com esses indivíduos”, finalizou.
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Audiência
Na última quarta-feira (25), foi realizada mais uma audiência sobre o assassinato da médica Milena Gottardi, que morreu após ser baleada no estacionamento do Hospital das Clínicas em setembro de 2017. Pela primeira vez, Hilário Frasson, ex-marido da médica acusado de ser mandante do crime, foi ouvido pela Justiça do Espírito Santo.
O advogado de Hilário afirmou que, pela repercussão do caso, a tendência é de que os réus vão a júri popular. “Um caso dessa magnitude, com toda essa repercussão, uma acusação de homicídio. A probabilidade é grande de irmos ao Conselho de Sentença, ao júri popular”, informou Leonardo Gagno.
“Sofro com a morte de Milena”, diz Hilário
“Nego veementemente que mandei matar Milena”. Foi com essas palavras que o policial civil Hilário Frasson, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da ex-esposa Milena Gottardi, iniciou o depoimento, prestado na tarde da última quarta-feira (25), na 1ª Vara Criminal de Vitória.
Questionado sobre o crime pelo juiz Marcos Pereira Sanches, responsável pelo julgamento do caso, Hilário respondeu: “Não sei por que meu nome está envolvido neste processo. Não tenho problemas ou inimizade com ninguém a ponto de atribuírem esse crime a mim”, disse o ex-policial civil.
Em relação a instalação do rastreador no veículo da vítima, Hilário disse que foi uma decisão consensual do casal. Sobre a câmera que seria instalada no interior do apartamento da médica, o ex-policial civil disse que a intenção era acompanhar o tratamento e cuidados com as filhas enquanto ele estivesse fora.
No fim do depoimento, Hilário relatou estar triste. “Sofro com a morte de Milena, pela ausência das minhas filhas, pelo fato delas estarem sofrendo com a ausência da mãe. Sofro pelo o que fizeram com Milena, parece que fizeram comigo. Nunca imaginei estar preso”, disse.