Polícia

Caso Milena Gottardi: MP entra com recurso contra liminar que suspendeu julgamento

Defesa solicitou mudança do foro para Viana ou Colatina, alegando que o júri em Vitória poderia ser mais parcial por causa da cobertura do caso pela mídia

Foto: Reprodução

Após a suspensão do julgamento dos acusados de assassinar a médica Milena Gottardi, que aconteceria nesta segunda-feira (8), o Ministério Público do Estado (MP-ES), por meio da Procuradoria-Geral de Justiça e da Subprocuradoria-Geral de Justiça Judicial, protocolou um recurso contra a liminar que suspendeu o júri.

A suspensão ocorreu por meio de uma liminar deferida pelo desembargador Sérgio Luiz Teixeira Gama, até que seja julgado um pedido de mudança de local do foro, feito pela defesa de Hilário Antonio Fiorot Frasson. O MP-ES afirmou que entende que o pedido feito pela defesa do réu para o desaforamento tem efeito meramente protelatório, ou seja, de adiamento, uma vez que a ação penal se encontra apta para o julgamento perante o Tribunal do Júri da 1ª Vara Criminal de Vitória. 

O Ministério Público requer que seja reconsiderada a decisão liminar e, caso seja mantida, que o recurso seja incluído na pauta de julgamento das Câmaras Criminais Reunidas, diante do perigo da demora para designação de nova sessão para julgamento do Caso Milena Gottardi.

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A defesa do réu Hilário Frasson pede o desaforamento, solicitando a mudança de local do júri para Viana ou Colatina, alegando uma suposta parcialidade dos jurados de Vitória, por conta das informações veiculadas na mídia social. A defesa alega que existiria uma ampla condenação social, o que se mostraria verdadeira antecipação do decreto condenatório apto a influenciar diretamente na decisão dos jurados.

Já o MP-ES afirmou que refuta totalmente essa alegação, pois caso se leve a cabo tal pedido, passa a ser impossível a realização de qualquer júri que tenha mínima repercussão social. “Trata-se também de uma afronta ao corpo de jurados da Capital, pois depreende-se desse entendimento da defesa que eles não seriam capazes de separar o que é divulgado pelas mídias sociais e ter uma linha de raciocínio própria, diante dos argumentos a serem apresentados pela defesa e a tese de acusação de assassinato da médica Milena Gottardi, ocorrido em setembro de 2017”, diz a nota do Ministério Público

Assassinato

A médica oncologista Milena Gottardi foi baleada na cabeça quando saía do Hospital das Clínicas, no bairro Maruípe, em Vitória, no dia 14 de setembro de 2017. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e teve morte cerebral. A médica morreu aos 38 anos e deixou duas filhas.

Inicialmente, a polícia suspeitou de uma tentativa de assalto, mas as investigações apontaram que se tratou de um crime encomendado, cujos mandantes são o então marido da médica, o ex-policial civil Hilário Frasson, e o pai dele, Esperidião Frasson.

Ainda de acordo com as investigações, o assassinato teve dois intermediários: Valcir da Silva Dias e Hermenegildo Palauro Filho. Eles, por sua vez, teriam feito a ponte entre os mandantes e os acusados de serem os executores, Dionatas Alves Vieira, o atirador, e Bruno Rodrigues Broetto, primo de Dionatas, que teria roubado a moto para a execução do crime.

Demissão da PC-ES

Na época do assassinato da médica, Hilário Frasson pertencia aos quadros da Polícia Civil do Espírito Santo. Por causa do crime, um procedimento interno foi instaurado contra Hilário Frasson, que resultou na expulsão dele da corporação.

O decreto estadual que oficializou a demissão de Hilário Frasson da PC-ES foi publicado no Diário Oficial do dia 14 de setembro deste ano. De acordo com o decreto, assinado pelo governador Renato Casagrande, o ex-policial também não poderá exercer qualquer função no funcionalismo público por 10 anos.

Mesmo preso e sem trabalhar, Hilário continuava recebendo salário em função de seu cargo na PCES. De acordo com o portal da transparência, em agosto o ex-policial civil recebeu salário líquido de mais de R$ 4,5 mil.