O réu Flávio Sampaio, de alcunhas “Coroa” ou “Flavinho”, não compareceu ao início do julgamento de quatro dos oito denunciados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de envolvimento com a morte de Ruan Reis, de 19 anos, e Damião Marcos Reis, de 22 anos.
A justificativa de Sampaio é de que a advogada dele encontra-se afastada por atestado, por motivos de saúde. Como ele não poderia ir a júri sem defesa, não compareceu. Flávio será então julgado em outro momento. Além disso, familiares das vítimas não compareceram ao Fórum.
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O julgamento, no momento, está fechado à imprensa, já que a identidade da única testemunha que será ouvida nesta quarta-feira (05) está sob sigilo, que é um policial civil.
Iriam à júri popular a partir desta quarta-feira Alan Rosário do Nascimento, conhecido como “Gordinho”, Flávio, Rafael Batista Lemos, o “Boladão”, e Gean Gaia de Oliveira, o “Chocolate”. À exceção de Flávio, os demais denunciados compareceram ao julgamento.
Eles vão responder por duplo homicídio qualificado, mediante pagamento ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe; à traição de emboscada ou mediante dissimulação; recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima.
A morte
Os dois irmãos foram mortos com cerca de 20 tiros em 25 de março de 2018. O crime aconteceu no Morro do Moscoso, na região de Piedade, em Vitória.
Segundo o promotor de Justiça, Rodrigo Monteiro, o crime chocou a comunidade e criou forte clamor social. Isso porque, de acordo com ele, os irmãos foram vítimas da guerra de tráfico de drogas sem terem envolvimento com as atividades criminosas.
“Temos muito homicídios decorrentes do tráfico de drogas, mas esse choca de uma forma especial porque foram dois irmãos assassinados. Eram pessoas que não tinham ligação nenhuma com o crime, eram pessoas engajadas socialmente. Isso gerou uma comoção e uma repercussão muito grande na comunidade”, pontuou.
Para a promotoria do caso, o homicídio teria sido planejado dentro do presídio, quando os acusados estavam presos por outros crimes.
“Nos anos de 2012 para 2013, eles foram expulsos da comunidade por traficantes rivais. Ficaram presos. Arquitetaram o plano de retomada do tráfico local ainda dentro do sistema carcerário. Quando saíram, se aliaram à facção criminosa que atua na região de São Benedito e Bairro da Penha. Lá, conseguiram armas e apoio braçal por meio de pessoas para trabalhar junto com eles. Decidiram, então, retomar o tráfico da região da Fonte Grande, do Morro do Moscoso e da Piedade”, descreve.
Segundo o promotor, o grupo fazia incursões promovendo o terror nas comunidades, sem terem o mínimo valor pela vida das pessoas.
Criminosos invadiram casa das vítimas com coletes e toucas
Os irmãos foram assassinados na madrugada de um domingo. Segundo relataram testemunhas na época do crime, quatro homens armados, com coletes e toucas invadiram o quintal da casa dos irmãos.
Após os homens chegarem no local, eles teriam chamado Ruan para conversar. Ao ver a abordagem, Damião pediu para não levarem o irmão. Os criminosos, então, efetuaram vários disparos.
Na ocasião, as testemunhas contaram que mais de 50 tiros foram disparados contra os irmãos, que morreram no local.
A reportagem não conseguiu localizar as defesas dos acusados. O espaço segue aberto caso desejem se manifestar.
* Com informações de Ana Carolini Mota para a TV Vitória | RecordTV