Polícia

Cigana Hyara: perícia contratada por família contesta versão da polícia

Em contrapartida, a defesa do adolescente afirma que as alegações da família de Hyara são incongruentes e que não devem impactar no processo

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

A família da cigana Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, contratou um perito particular para realizar novas analises sobre o assassinato da adolescente. Os familiares desacreditam da versão dada pela Polícia da Bahia, que concluiu que o tiro acidental foi disparado pelo cunhado de 9 anos. 

Na época do crime, ocorrido em julho, na cidade de Guaratinga, no Sul da Bahia, a Polícia concluiu que o tiro que atingiu a cigana foi deflagrado pelo cunhado da adolescente quando eles brincavam com a arma no quarto dela.

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Em um documento obtido pelo Folha Vitória, redigido pelo perito forense Eduardo Llanos, o especialista revela que, o disparo feito da pistola não pode ter sido disparada pelo menor de 9 anos. Isso porque “elementos apontam a autoria de uma pessoa de maior altura a da vítima”. 

Além disso, o parecer técnico pericial afirmou que, a trajetória do disparo também não coincidis com a situação do tiro. “O disparo não foi realizado de baixo para cima e sim de cima para baixo, pois o ferimento do pescoço não apresentava vestígios de impregnação de pólvora”. 

Durante o documento, também é descrito que, foram encontrados resíduos de pólvora que podem indicar que a vítima tentou segurar a arma “para evitar o acionamento ou desviá-la para sua direção”. 

Com isso, o parecer é concluído com a “necessidade de realizar a exumação do corpo da vítima para determinar a vértebra onde ficou alojado o projetil e constatar tecnicamente a trajetória e trajeto balístico”. 

Caso ganhou repercussão após relatos de traição extraconjugal

A cigana Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, morreu após ser baleada em 6 de julho. O caso aconteceu em Guaratinga, cidade a cerca de 700 km de Salvador, na Bahia.

A morte ganhou repercussão nacional após a revelação de um relacionamento extraconjugal envolvendo o tio da jovem e a sogra. Inicialmente, a polícia suspeitou que o relacionamento poderia ter relação com a morte da cigana.

Em entrevista ao Balanço Geral, da Record TV, o tio paterno da cigana confirmou que manteve um relacionamento com a mãe do adolescente por seis anos.

“Chegou uma época que falei: ‘Olha, infelizmente, não vai dar para nós ficarmos mais porque minha sobrinha vai casar com seu filho. Para gente ter uma convivência boa, vamos parar com isso’. Ela já entrou em desespero, falando comigo que ela ia tirar a própria vida se eu fizesse isso com ela”, disse.

A família da cigana acreditava que o pai do adolescente tenha descoberto a relação e que a morte de Hyara seria uma vingança. A hipótese, no entanto, foi descartada pela polícia ao longo da investigação.

O adolescente, marido de Hyara, veio para o Espírito Santo após a morte da jovem. Ele foi apreendido em Vila Velha. Ele foi liberado após a conclusão do inquérito.

O que diz a defesa do adolescente?

A reportagem do Folha Vitória entrou em contato com o advogado Homero Mafra, que faz a defesa da família do adolescente, anteriormente acusado de matar Hyara.

Mafra afirma que o resultado obtido pelo serviço encomendado pela família da vítima apresenta equívocos e que nada será alterado do laudo oficial.

O advogado afirma também que tanto a família, quanto o adolescente anteriormente acusado, estão tranquilos em relação às novas alegações apresentadas.

Veja abaixo o posicionamento completo da defesa do adolescente:

“Na verdade, o laudo encomendado pela família da Hyara, ele traz uma série de equívocos, uma série de incongruências, ele não altera absolutamente nada a verdade que consta do laudo oficial da polícia técnica da Bahia. É claro que recebendo esse laudo e diante do estardalhaço que se faz nas redes sociais, o Ministério Público adota uma postura de cautela, de prudência e pede à polícia técnica da Bahia que examine esse laudo encomendado a teor do laudo técnico dos peritos oficiais. A conclusão não será outra senão aquela já contida no laudo oficial. A família está muito tranquila, o menor, o marido está muito tranquilo, sabe que os fatos se passaram da forma que o inquérito foi concluído, sabe que não tem nenhuma responsabilidade no lamentável acidente que culminou na morte da Hyara e essa é a manifestação da família que entende que processo se discute nos autos e não em redes sociais.”

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Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtora Web
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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória