A tecnologia tem se tornado ferramenta decisiva para ajudar comerciantes do bairro Itacibá, em Cariacica, a enfrentar a criminalidade. Um grupo foi criado no WhatsApp com o intuito de promover a troca de informações entre eles, referentes à movimentação de possíveis criminosos na região. Desde então, segundo eles, o índice de assaltos a estabelecimentos comerciais tem caído constantemente. Tanto que, de acordo com os próprios comerciantes, não é registrado nenhum roubo ao comércio do bairro há cerca de três meses.
De acordo com o presidente da Associação Comercial de Itacibá (ACI), Sérgo Willian Colodetti, o grupo no aplicativo de mensagens já exite há quase dois anos. No entanto, ele ressalta que a ferramenta passou a surtir efeito, de fato, a partir do final de julho do ano passado, quando mais comerciantes passaram a fazer parte do grupo.
“O grupo foi criado pela associação e conta com o apoio efetivo da Polícia Militar. No começo somente membros da diretoria faziam parte desse grupo. De julho para agosto do ano passado que outros membros da associação passaram a integrá-lo. A partir daí, o número de assaltos ao comércio de Itacibá caiu consideravelmente, sendo que nenhuma ocorrência foi registrada em novembro e dezembro, que são meses em que o movimento nas lojas é ainda maior”, comemora o comerciante, que lembra que, no mesmo período do ano anterior, a região havia sido alvo frequente da ação de bandidos.
Sérgio, que é proprietário de uma loja de materiais de construção no bairro, explica que a eficácia da ferramenta está na comunicação entre os lojistas. Segundo o presidente da associação, quando um comerciante percebe a presença de um indivíduo em atitude suspeita na região, imediatamente comunica o fato aos demais, por meio do aplicativo. Em seguida, a Polícia Militar é acionada e, se for preciso, realiza a abordagem ao suspeito.
“Assim que constatamos a presença de um possível criminoso, fazemos contato com policiais da 1ª Companhia [da PM] ou da Patrulha da Comunidade, que se dirigem ao local informado e ficam observando o suspeito. Caso verifiquem um volume na cintura do indivíduo, que ele utiliza um veículo sem placa ou qualquer outro sinal de que ele possa cometer um assalto ao estabelecimento, os policiais fazem a abordagem e, se for o caso, o encaminham para a delegacia”, explicou.
Segundo Sérgio, atualmente o grupo conta com 74 integrantes, todos comerciantes e membros da Associação Comercial de Itacibá. No entanto, ele frisa que a comunicação via aplicativo é feita mesmo quando o suspeito entra em algum estabelecimento que não seja de propriedade de um membro da associação.
“Se vemos que aquele comércio pode ser assaltado, temos que comunicar da mesma forma. Não é porque ele não é membro que vamos deixar ele ser roubado. Os comerciantes de Itacibá são muito unidos e todos procuram se ajudar. Esse é o segredo do sucesso desse grupo. Além disso, contamos com a parceria da Polícia Militar, que sempre está nos auxiliando. Essa interação entre comerciantes e poder público tem sido fundamental para a queda do número de assaltos na região”, destaca Sérgio.
No entanto, a Polícia Militar ressaltou, por meio de nota, que os grupos no aplicativo não são o canal oficial com a polícia. De acordo com a corporação, a PM não utiliza outros meios, tais como Facebook e WhatsApp, para registro e formalização de denúncias. A Polícia Militar lembra ainda que só atua em casos de flagrante delito ou por meio de acionamento do Ciodes, pelo número 190.
Assaltos
Mesmo com a criação do grupo dos comerciantes de Itacibá no WhatsApp, alguns donos de estabelecimentos não conseguiram escapar da ação dos bandidos na região. Em agosto do ano passado, por exemplo, uma ótica foi assaltada por dois criminosos, que acabaram detidos logo depois.
Testemunhas disseram na época que, durante a ação criminosa, o suspeito que praticou o roubo foi agressivo e chegou a ameaçar as funcionárias da loja. Enquanto isso, o comparsa dele dava cobertura do lado de fora do estabelecimento. Os dois tentaram escapar levando óculos, celulares e relógios, mas acabaram sendo presos pela polícia.
Menos de um mês depois, duas mulheres renderam funcionárias e clientes de uma loja e tentaram fugir de moto com roupas, celulares e dinheiro das vítimas. Uma funcionária chegou a ir atrás das criminosas, que atiraram e quase balearam a vítima. As duas assaltantes foram detidas, logo depois, pela Polícia Militar e levadas para a Delegacia Regional de Cariacica.