Polícia

Condenado por morte de esposa, ex-vereador de Iconha se entrega à polícia

O crime aconteceu há 12 anos em Piúma e, desde então, os familiares da vítima aguardavam por Justiça. O ex-vereador se entregou na Delegacia Regional em Cachoeiro

O ex-vereador se entregou à polícia em Cachoeiro Foto: ​Reprodução

O ex-vereador de Iconha, José Inácio de Lima, se entregou à polícia no fim da tarde da última segunda-feira (18). Ele foi condenado a 14 anos de prisão pela morte da esposa, Jailza Marinho, ocorrido em setembro de 2004, em Piúma. Familiares da vítima festejaram a notícia e a prisão do acusado do crime.

De acordo com informações da Polícia Civil, José Inácio se apresentou na Delegacia Regional em Cachoeiro de Itapemirim, e foi levado para o Presídio Regional do município (PRCI), onde vai cumprir sua pena.

A notícia da prisão foi comemorada em Piúma. “É um sentimento de alívio. Não acreditávamos mais na Justiça e ver meus pais sorrindo após tantos anos depois, é indescritível. Tiramos uma angustia do coração e agora minnha irmã vai descansar em paz”, comenta a irmã, Fernanda Freire Marinho Nascimento.

Os filhos do casal foram criados pelos avós após a morte da mãe. “Somos uma família muito humilde e não foi fácil todos esses anos. Meu sobrinho hoje é um cabeleireiro famoso e mora nos Estados Unidos. Minha sobrinha se casou e hoje já é mãe. Meus pais nunca deixaram faltar nada para eles. Eles perderam a mãe e o pai naquele dia”, continua. 

Separação

As irmãs e mãe de Jailza comemoraram a notícia da prisão do ex-vereador Foto: ​Divulgação

José Inácio e Jailza foram casados por 17 anos. Com 14 anos, ela engravidou de seu primeiro filho. Durante muitos anos, ela teria recebido ameaças do marido. “Ele agredia ela. Uma vez, ele passou a faca no pescoço dela. Meu sobrinho dormia com a faca embaixo do travesseiro, caso precisasse defender a mãe do pai”, conta Fernanda.

Após esse fato, Jailza decidiu se separar do ex-vereador e foi morar com os pais, em Piúma. “Ele ficou em Iconha e não aceitava o fato de ela ter voltado para a casa dos meus pais. Ele chegou a falar com meu pai que iria matá-la, até que cometeu o crime. Nunca acreditamos que ela tivesse caído do carro em movimento. Ela não tinha um arranhão no corpo, mas o rosto estava deformado. Ele quebrou os dentes dela. Durante todos esses anos, ele riu e debochou de minha família”, explica a irmã.

Fernanda ressaltou que desde o dia do crime, os pais começaram a ter problemas de saúde. “Meus pais sofrem com problemas de pressão. Desde aquele dia meu pai toma remédio para dormir. Nossa alegria hoje é poder ver nossos pais voltando a sorrir. Esse é um novo recomeço para nossa família, que sempre foi muito unida”, completa.

Jailza Marinho morreu em setembro de 2004, aos 33 anos Foto: ​Reprodução

Crime

Jaiza morreu no dia 2 de setembro de 2009, na época, com 33 anos. O crime aconteceu em Piúma. O vereador alegava, durante o processo, que a esposa teria se jogado do veículo em movimento. Ele chegou a socorrê-la até o hospital do município, mas ela não resistiu. Ele foi preso no interior da unidade hospitalar. No julgamento, o júri decidiu pela condenação do vereador.

José Inácio chegou a ficar detido em 2004 pelo crime e tomou posse de seu segundo mandato na Câmara de Vereadores, enquanto ainda estava preso. Posteriormente, ele foi liberado e respondeu ao processo em liberdade.

Em 2009, ele foi condenado pelo crime e recorreu da decisão. Em 2012, ele recorreu novamente, e chegou a impetrar um recurso no Supremo Tribunal Federal (STJ), que negou e expediu o mandado de prisão do acusado no dia 6 de abril deste ano.