A família do produtor rural Romário Costa Ramos, de 30 anos, ainda tenta entender o que aconteceu na madrugada do último domingo (24), quando o rapaz foi assassinado por um policial militar de folga, durante uma festa em Ecoporanga, no norte do estado.
O crime aconteceu após o PM se desentender com um outro homem durante o evento. O desentendimento teria ocorrido no banheiro do cerimonial, localizado no bairro Vila Nova.
Testemunhas disseram que o militar saiu para pegar sua arma no carro. No entanto, na hora de voltar ao cerimonial, foi abordado por Romário, que tentava que ele entrasse armado no estabelecimento.
Nesse momento, o policial atirou contra o produtor rural, que foi socorrido e levado de carro para um hospital do município. Ele, no entanto, não resistiu aos ferimentos.
Ainda muito abalados, a esposa e o sogro de Romário, os advogados Yasmin Felício de Oliveira Ramos e Izaias Ramos Neto gravaram um vídeo para se manifestar sobre o ocorrido.
Yasmin conta que o produtor rural era pai de três meninas e o definiu como um homem muito trabalhador e dedicado à família.
“Romário era um excelente esposo, um excelente pai. Trabalhador, honesto, de caráter certo. Trabalhava dia e noite para dar o sustento para a nossa família. Ele gostava de trabalhar, trabalhava por amor. Ele estava lá trabalhando e tiraram a vida dele covardemente, de maneira brutal. De uma forma que até hoje eu não estou conseguindo acreditar”, lamenta a advogada, que espera por justiça.
“Eu nunca poderia imaginar que o meu marido ia ser assassinado por uma pessoa que saiu não sei de onde para vir na nossa cidade e acabar com a nossa família. Ele conseguiu destruir uma família. Tenho certeza de que a justiça vai ser feita. Eu não vou descansar enquanto a justiça não for feita para o meu marido”.
Já Izaias afirmou que tinha Romário como um filho. Ele destacou a índole do rapaz e como ele era apegado à família.
“Romário era um genro que eu tinha como um filho. A forma como ele tratava a minha filha e as minhas netas era uma coisa impressionante. Romário adorava viver no meio da família. Era na casa da mãe dele, na casa dele, sempre almoçando com a família, fazendo um churrasquinho no final de semana. Era uma pessoa extraordinária, um rapaz bem educado e que não tinha má resposta com ninguém. Durante toda a convivência que ele teve em nossa família, nunca vi um ato que desabonasse a conduta dele”, ressaltou.
Produtor rural era muito conhecido em Ecoporanga
O sogro e a esposa da vítima disseram ainda que Romário era uma pessoa muito conhecida e querida na cidade, e que alguns amigos chegaram a fazer uma homenagem a ele.
“O Romário morria pela família e pelos amigos dele. Hoje foi feita uma homenagem para ele. Não tem como ter noção da proporção de quanto ele era querido e amado nesta cidade”, disse a esposa.
“Romário era uma pessoa extremamente conhecida em Ecoporanga, nascido na cidade. A falta é muito grande, é imensurável. E a sociedade de Ecoporanga está indignada com o ato desse policial”, completou o sogro.
Izaias disse ainda que acredita que as autoridades tomarão as devidas providências quanto ao PM.
“Uma pessoa que vem de fora, um policial militar que deveria dar exemplo para toda a corporação do Estado do Espírito Santo e, na verdade, vem a Ecoporanga sujar a honra dessa briosa instituição, que é a Polícia Militar do Estado do Espírito Santo. Nós acreditamos que as autoridades vão tomar providências, porque a corporação não pode aceitar elemento com uma conduta tão violenta quanto essa que foi demonstrada aqui em Ecoporanga”, frisou.
Policial se entregou em Vitória após o crime
O policial suspeito de assassinar o produtor rural se apresentou, no domingo, ao plantão do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória. Ainda segundo a PCES, já havia um mandado de prisão contra ele, que foi cumprido. O PM foi levado para o Presídio Militar, onde permanece preso.
A Polícia Civil informou que, assim que soube do ocorrido, representou pela prisão preventiva contra o suspeito, por ele ter fugido do local do crime. O pedido foi deferido pela Justiça, que expediu o mandado de prisão.
Já a PM informou que a Corregedoria da corporação analisará o fato e a conduta do militar, de acordo com o Código de Ética e Disciplina dos Militares Estaduais.