Polícia

Crime brutal: vídeo mostra que PM impediu mulher de socorrer músico

De acordo com as investigações, após atirar contra a vítima, o soldado da PM Lucas Torrezani de Oliveira, de 28 anos, apresentou frieza

Foto: Divulgação / Polícia Civil

Crime brutal: assim foi descrita, pelo chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, delegado Marcelo Cavalcanti, a morte do músico Guilherme Rocha, 37 anos. O crime aconteceu há dois meses, em Vitória.

De acordo com as investigações, após atirar contra a vítima, o soldado da Polícia Militar Lucas Torrezani de Oliveira, de 28 anos, apresentou frieza e ainda impediu a entrada da esposa do músico no local do crime. Veja o vídeo:

“Após o disparo, as imagens mostram que o Lucas espera que a vítima desfaleça, que morra, bem como ainda impede que a esposa da vítima saia para prestar ajuda para o seu companheiro. Depois ele ainda dá dois goles. Chama a atenção este desprezo pela vida humana, pois ele consome bebida alcoólica após efetuar disparos”, afirmou o delegado.

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Diferentemente da primeira versão apresentada pelo policial que efetuou os disparos, o inquérito concluiu que Lucas não agiu em legítima defesa.

“Autos revelam que em nenhum momento atuou em legítima defesa. Ele desdenha da morte da vítima, quando ele descreve no grupo onde estavam alguns amigos que se a vítima queria silêncio, ela está no silêncio eterno, mais ou menos essa expressão que ele utiliza”.

De acordo com a polícia, as investigações, apontaram que o atirador, agora preso preventivamente, criou um grupo em uma rede social para combinar versão que seria repassada à Polícia Civil. 

O grupo, que foi posteriormente apagado, era composto também pelo colega Jordan Ribeiro de Oliveira, também denunciado e que responde ao crime em liberdade, e uma terceira testemunha.

O assassinato foi cometido após Guilherme reclamar com o vizinho sobre o som alto. A síndica do condomínio contou que o tipo de reclamação contra o policial era comum. A vítima, inclusive, já chegou a formalizar uma queixa sobre barulho durante a madrugada.

Sobre o dia do crime

Ao explicar a dinâmica sobre o ocorrido, Cavalcanti afirmou que, no dia dos crimes, o PM já havia ligado para o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), se apresentando e contando uma versão dos fatos, quando foi conduzido à Delegacia Regional de Vitória.

Foto: Folha Vitória (TV VItória/Arquivo Pessoal)

“Ele contou uma história mentirosa e o delegado ficou de mãos atadas, já que só tinha uma versão. Ainda no dia do fato, o delegado-geral Darcy Arruda acionou a divisão de Vitória e foi efetuada a prisão em flagrante de Lucas, levando em consideração a versão esposa do músico e testemunha ocular, que viu toda a cena; também foram consideradas as imagens do crime”, disse a autoridade. 

Da análise da cronologia do homicídio, entendeu-se que havia três pessoas presentes além da vítima, que seriam Lucas, o colega Jordan e uma testemunha.

“Quando Lucas sacou a arma e bateu na vítima, o Jordan se coloca ao lado do Lucas. Lucas bateu pela segunda vez na vítima, que tentou se defender. Nesse momento, o Jordan empurrou a vítima, tendo sido arremessada para longe. Lucas se aproveita e efetua um disparo que atinge o braço esquerdo. A bala entra, transfixa, bate no chão e fica dentro de um veículo. A vítima cai, Lucas ainda dá dois goles de bebida e impede que a esposa da vítima entre no local”, relatou a autoridade policial.

Conclusão do inquérito

Sobre a conclusão do inquérito, o delegado Marcelo Cavalcanti e também o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, afirmaram que o autor principal e atirador, Lucas Torrezani de Oliveira, encontra-se preso preventivamente e que foi indiciado por homicídio duplamente qualificado pelos motivos fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, bem como por abuso de autoridade.

Já o segundo autor, Jordan Ribeiro de Oliveira, que também teve denúncia recebida pela Justiça, mas que responde em liberdade, deverá responder também por homicídio duplamente qualificado, de acordo com a participação dele no fato. Os dois deverão ir a Júri Popular.

Vídeo mostra ação

A Polícia Civil divulgou vídeo do momento exato em que o músico Guilherme Rocha foi assassinado. As imagens mostram o momento em que os dois homens discutem na entrada do prédio após uma série de acusações. Em seguida, o PM saca a arma e dispara contra o músico, que morre no local.

No momento do crime, o suspeito bebia com amigos na entrada principal do prédio, o que fez com que Guilherme, descesse do apartamento para reclamar do barulho, pois já passava das 3h, quando a discussão teve início.

O outro lado

Foto: Reprodução

No sábado (17), por meio de nota, a defesa de Lucas Torrezani de Oliveira esclareceu que “ainda não foi intimada da decisão judicial. Entretanto, restou provado ao longo do Inquérito Policial que o aludido não colocará em risco o andamento do processo, tendo em vista que no atual cenário não se encontram presentes os requisitos da prisão preventiva insculpidos no artigo 312 do Código de Processo Penal.

Tal decisão será combatida no intuito de demonstrar que não há fundamentos para se sustentar uma segregação prisional, e espera-se que o Judiciário faça essa reparação.

Cabe ressaltar que a presente ação se encontra na fase embrionária e no momento oportuno será esclarecida a realidade dos fatos. Todas as medidas serão tomadas para esclarecimento da verdade”.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Jordan Ribeiro de Oliveira. O espaço segue aberto para sua manifestação.