Polícia

Descoberta em Vila Velha casa que poderia ser cativeiro para casal de empresários

No local, foram encontrados diversos materiais que seriam usados durante o cárcere. Vítimas teriam sofrido pelo menos cinco tentativas de sequestro em seis meses

Materiais que seriam usados durante o cárcere das vítimas foram encontrados no interior da residência Foto: Reprodução

A polícia descobriu uma casa, em Vila Velha, que provavelmente seria usada como cárcere de um casal de Cariacica, vítima de sucessivas tentativas de sequestro. Na última quinta-feira (28), cinco pessoas foram presas, entre elas um policial militar da reserva, suspeitas de fazerem parte da organização criminosa. O imóvel foi localizado um dia depois da prisão dos suspeitos e fotos dos objetos encontrados no local foram divulgados pela polícia nesta terça-feira (02). 

Dentro da casa, localizada no Bairro Morada da Barra, foram encontrados: uma caixa de papelão contendo dois aparelhos de telefones celulares de cor preta; um par de placas MQV 9410, pertencentes ao veículo Fiat Palio registrado em nome de Julia Lucia dos Santos Rangel, uma das detidas na última quinta; quatro toucas ninjas de cor preta; cinco luvas; duas fitas adesivas de cor cinza; doze abraçadeiras de náilon de cor branca; dez pedaços de corda de aproximadamente um metro cada. No mesmo local, também foi recolhida uma pasta de mão, de material semelhante a couro, de cor preta, contendo documentos falsos. 

De acordo com o investigador Muriã Rocha, da Delegacia Anti-Sequestro, a proprietária da residência entrou em contato com a polícia logo após a divulgação da prisão da quadrilha, informando que um dos integrantes do grupo, identificado como Judivaldo Fonseca dos Anjos – que está preso, desde o dia 20 de junho, no presídio de Caiuá, no interior de São Paulo, junto com um comparsa – teria alugado o imóvel, em janeiro deste ano, e o abandonado com vários objetos em seu interior.

Segundo a polícia, suspeito usava fotos dele para forjar documentos de outras pessoas Foto: Reprodução

“Ao longo dos 18 meses de investigação, verificamos algumas casas onde o Judivaldo teria passado. Inclusive, nós já sabíamos da existência desse imóvel em Vila Velha. Após o contato da proprietária, fomos até essa residência e verificamos que se trata de uma edificação com características favoráveis ao uso como cativeiro: possui muro alto, portão sem visão para a rua, é possível parar o carro lá dentro sem que ninguém veja. Além disso, encontramos pares de cordas cortadas em mais de um metro e diversos outros objetos no interior da residência que indicam que o local seria usado para manter as vítimas em cativeiro”, frisou o investigador.

Segundo Muriã Rocha, Judivaldo utilizava documentos de outras pessoas, para que pudesse passar um nome falso à polícia, caso fosse preso. O investigador explica que, para fazer a falsificação, o suspeito colocava a foto dele nos documentos e também forjava carteiras de instituições como a Polícia Militar e a Ordem dos Parlamentares do Brasil.

Prisões

Na última quinta-feira, a Delegacia Anti-Sequestro, com o apoio do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção, cumpriu mandados de prisão temporária nos municípios de Vitória, Vila Velha, Marataízes e Itapemirim. Foram presos o policial militar da reserva Fendomar Quinteiro Bertulante, Julia Lucia dos Santos Rangel, além do filho dela, Fábio dos Santos Carvalho, o irmão dela, Juliano Braga dos Santos, e uma mulher que não teve a identidade divulgada.

Suspeitos foram presos na última quinta-feira, em quatro municípios capixabas Foto: Reprodução

De acordo com a polícia, os suspeitos fazem parte de uma organização criminosa que planejava sequestrar um casal de empresários de Campo Grande, Cariacica. De novembro de 2015 a abril deste ano, foram pelo menos cinco tentativas de sequestro, todas frustradas.

Segundo as investigações, o militar da reserva foi casado com a irmã do empresário e, por isso, conhecia bem a rotina da família. Ainda de acordo com a polícia, Fendomar acreditava que o casal guardava uma alta quantia em dinheiro e, por isso, teria convidado quatro homens de São Paulo para realizar o sequestro.